sábado, 30 de dezembro de 2023

+ CIDADANIA: Réquiem pelo Museu da Imagem

 


A palavra “réquiem” provém do vocábulo latino “requiem”, uma derivação de “requies”, que significa descanso ou repouso. Este termo designa habitualmente as celebrações cristãs realizadas em homenagem aos defuntos. O nosso propósito é, por conseguinte, prestar homenagem a um espaço cultural de enorme mérito, que subsistiu na nossa comunidade ao longo de mais de 20 anos.

O Museu da Imagem foi um espaço cultural, que nasceu no edifício da antiga farmácia Alvim e num antigo torreão da fortificação medieval contíguo, inaugurado a 25 de abril de 1999, destinado à realização de exposições de fotografia e à conservação e inventariação dos arquivos fotográficos das antigas casas de fotografia Aliança e Pelicano.

Este equipamento cultural, realizado por iniciativa dos executivos liderados por Francisco Mesquita Machado, inseria-se numa particular dinâmica que a cidade e os seus agentes culturais foram gerando em torno da fotografia, e que confirmariam Braga como um dos principais lugares da Imagem em Portugal.

Ao longo de quase década e meia, o técnico-superior do Museu da Imagem foi Rui Prata, desenhando uma programação meritória, que conciliava a fotografia contemporânea – destacando-se particularmente os Encontros da Imagem - com a inventariação progressiva do espólio fotográfico, através da realização de exposições e da publicação dos respetivos catálogos. Desde 2013 que o edifício revelava diversas fragilidades ao nível das coberturas e do isolamento, tendo até sido colocado em risco a conservação do seu espólio fotográfico, como seria oportunamente denunciado pela investigadora Catarina Miranda Basso.

Apesar do vereador responsável pelo Pelouro da Cultura, entre 2013 e 2021, continuamente inserir como prioridade do seu plano anual de atividades a empreitada de reabilitação do Museu da Imagem, também incessantemente esse desiderato era barrado no gabinete-mor da edilidade. Aquele espaço museológico permaneceria aberto até ao derradeiro trimestre de 2019, momento em que as infiltrações e as condições de segurança já não permitiam que continuasse em atividade. Desde essa data permanece encerrado, sem data prevista para reabrir.

Todos os anos, por ocasião da discussão das Grandes Opções do Plano, é notícia o presumível investimento da Câmara Municipal de Braga no Museu da Imagem, mas todos os anos também não é iniciado qualquer procedimento concursal nesse sentido, como, aliás, vai sucedendo com a musealização da Ínsula das Carvalheiras ou da Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças, entre outros.

Entretanto, logo após as restrições provocadas pela pandemia de covid 19, também a Torre de Menagem encerraria ao público, supostamente devido à necessidade de substituição de vigas madeira de alguns degraus interiores, desperdiçando-se a exposição permanente sobre a história da cidade de Braga, ali instalada desde 2017. Uma empreitada demasiado simples e módica para justificar três anos de encerramento.

Recentemente também a Casa dos Crivos, única galeria municipal, encerraria as suas portas, mais uma vez para serem realizadas obras de reabilitação. Terá o mesmo destino que o Museu da Imagem? Como é possível que os três espaços de exposição geridos pela Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Braga estejam encerrados em simultâneo? Quão grande é a apatia e alheamento da sociedade civil e dos partidos políticos quanto à realidade da nossa cidade?

Considerando os adiamentos contínuos da empreitada de reabilitação do Museu da Imagem, aliado ao facto de, no presente mandato, a pasta da Cultura ser da responsabilidade do principal agente pelo seu encerramento, podemos concluir que dificilmente a situação se alterará.

A deliberação que se vai entrevendo é, certamente, mais um motivo para justificar por que Braga não foi escolhida para ser a próxima sede portuguesa da Capital Europeia da Cultura. Uma cidade que ostensivamente encerra os seus espaços culturais, ou que desperdiça equipamentos adquiridos com essa finalidade, para nele ser edificada uma residência universitária, não merece tal distinção.

Perante os indícios que nos têm sido continuamente oferecidos pela Câmara Municipal de Braga, não nos resta outra alternativa senão agradecer todos os contributos que foram oferecidos pelo Museu da Imagem à dinâmica cultural da cidade de Braga, ao longo de duas décadas, e celebrarmos um Réquiem por mais um espaço cultural bracarense. R. I. P.

 

 Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais

+ CIDADANIA: Feira Popular de Braga

Correio do Minho, 02/12/2023
 

sábado, 9 de dezembro de 2023

+Património: Percurso Solidário Natalício

As associações Braga + e JovemCoop organizam, no próximo sábado, dia 16 de Dezembro, mais um percurso pelo património bracarense, desta feita procurando fazer a história do culto de Nossa Senhora da Conceição na cidade de Braga. O objetivo desta visita guiada é mergulhar no espírito natalício através de uma das narrativas mais discutidas da história da Igreja Católica.A iniciativa tem início marcado para as 10h00, no largo da Senhora-a-Branca.

A chegada dos franciscanos à cidade de Braga em 1523 haveria de precipitar uma progressiva implantação deste culto. Primeiro no convento dos Capuchos da Piedade em S. Jerónimo de Real, no século seguinte com a fundação de um convento de inspiração franciscana denominado “da Conceição” e, na mesma centúria, com a edificação da Igreja dos Terceiros. Ao mesmo tempo, em diversos espaços de culto ia sendo instaurada a devoção “nacional”. 

Na ancestral porta medieval de Santiago haveria de surgir o mais relevante núcleo devocional de Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem haveria de ser declarada padroeira da cidade em meados do século XVIII. 

A Capela do Paço do Arcebispo, edificada no início do século XVIII, também iria adotar como padroeira de Nossa Senhora da Conceição. No mesmo período é fundado o convento da Penha de França, devotado à mesma invocação.

A fundação do santuário do Sameiro a partir de 1863 haveria de confirmar esta especial predileção bracarense pela devoção a Nossa Senhora da Conceição.

A visita guiada irá permitir observar alguns destes espaços, contando com passagens pelo oratório da Senhora da Torre, Igreja da Conceição e Igreja da Penha de França. 

Esta iniciativa tem um teor solidário, já que os participantes serão convidados a trazer uma (ou mais) garrafa de azeite, que será posteriormente doada à Comissão Social de S. Victor com o escopo de compor os cabazes de Natal que são entregues às famílias mais carenciadas. Trata-se de uma forma das associações se agregarem à Missão Põe Azeite, que tem sido levada a cabo pelo Grupo Coral de Guadalupe.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

MEMÓRIAS DE BRAGA: antigo Cinema São Geraldo

 


Associação Braga Mais promove no próximo dia 7 de dezembro, pelas 21h15, mais uma sessão do ciclo Memórias de Braga, que se vai debruçar sobre o antigo Cinema São Geraldo, emblemática sala de espetáculos bracarense, que funcionou entre 1950 e 1990.

Esta sessão evocativa, que se realiza no Museu do Traje Dr. Gonçalo Sampaio, terá como convidados Luís Tarroso Gomesum dos mentores do movimento cívico “São Geraldo Cultural”, e também do ator e encenador José Miguel Braga, contando com moderação de Rui Ferreira.

O velho cinema São Geraldo, que abriu as portas no dia 1 de junho de 1950 como a primeira sala exclusivamente destinada à sétima arte na cidade de Braga, nasceu no mesmo edifício do antigo Salão Recreativo Bracarense, fundado em 1924 nos terrenos do antigo Convento dos Remédios. Trata-se de uma iniciativa do padre Manuel Ribeiro Braga, sob projeto de Bernardo José de Lima, que ficaria ao serviço dos operários católicos, onde decorriam conferências, recitais, exposições, sessões cinematográficas, banquetes, bailes e festas.

Reconvertido numa sala de cinema, funcionaria com essa missão durante quatro décadas, entre 1950 e 1990, tendo voltado a funcionar temporariamente, enquanto decorriam as obras de reabilitação dos cinemas Avenida.

Salvo recentemente de um empreendimento imobiliário, que iria promover a sua destruição, graças à mobilização dos cidadãos bracarenses através da plataforma São Geraldo Cultural, o edifício tem previsto ser transformado num Centro de Media Arts pela Câmara Municipal de Braga.

Como vem sendo habitual, durante a sessão estará exposta uma pequena mostra de documentos e fotografias recolhidos por Fernando Mendes, que complementam a informação que será abordada nesta sessão.

Recorde-se que o ciclo Memórias de Braga realiza-se, com constância trimestral. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.

 

sábado, 4 de novembro de 2023

+ CIDADANIA: Braga brasileira

A cidade de Braga destaca-se atualmente como o principal lugar de acolhimento de brasileiros em Portugal. O surto migratório, iniciado há quase uma década, fez crescer exponencialmente a presença da população proveniente do Brasil na urbe bracarense, acreditando-se que possa corresponder a quase 8% do total da população urbana.

Segundo os números oficiais, no concelho de Braga conta-se 7 774 imigrantes oriundos do Brasil. No entanto, segundo a autarquia e as associações de acolhimento esse número pode corresponder ao dobro.

Esta presença tão significativa de brasileiros na cidade de Braga tem alterado a sua fisionomia e redesenhado os ritmos do quotidiano. Esta transformação tão acelerada, como qualquer outra mudança, tem provocado reações díspares na comunidade bracarense. A generalidade da população tem manifestado um acolhimento exemplar, todavia existe uma minoria que tem expressado desagrado e, até, alguma agressividade.

A verdade é que esta tão assertiva presença da comunidade brasileira tem provocado transformações muito positivas na nossa cidade. Além da revitalização urbana potenciada pela ocupação de apartamentos constantemente vazios ou pela criação de negócios em espaços comerciais outrora devolutos, estes novos bracarenses têm-se demarcado pelo seu entusiasmo pela mundividência bracarense.

Os bracarenses brasileiros, permitam-me assim chamá-los, não têm sido apenas responsáveis pela dinamização da economia da cidade, mas manifestam um expressivo afeto pela identidade braguesa. Esta paixão tem-se revelado na apropriação crescente dos espaços urbanos, como as praças das urbanizações em que residem e até do olvidado Parque da Ponte, mas também numa intensa participação nos grandes momentos da nossa vida coletiva, de que a Semana Santa e as Festas de São João são a expressão mais significativa, contudo também revelada na inauguração de novas expressões de religiosidade e, até, no crescimento de associados do Sporting Clube de Braga. 

Porém, não se pense que este vínculo de Braga ao Brasil detém apenas uma década de existência. A ligação histórica da comunidade bracarense com a antiga Terra de Vera Cruz revela uma particular ancestralidade. Basta recordar que é em Braga, mais precisamente no Tesouro-Museu da Sé, que se guarda a cruz que presidiu à primeira missa celebrada em solo brasileiro. Foi desde Braga, e do seu entorno geográfico, que partiram muitos dos artistas que construíram o barroco de Minas Gerais. Como não recordar o Bom Jesus de Congonhas, que procurou replicar o nosso Bom Jesus do Monte? Este intercâmbio cultural ficaria também patente nos festejos sanjoaninos bracarenses, apelidados em meados do século XVIII como o “Brasil da cidade”.

Seria ainda devido ao empreendedorismo e capital financeiro dos “torna-viagem” que a cidade mergulharia num surto desenvolvimento decisivo na segunda metade do século XIX, tendo estado até na origem da fundação do Banco do Minho. Quantos bracarenses não se lembram ainda de nomes como Miguel José Raio, Joaquim Machado Caires ou do Conde de Agrolongo, cuja ação continua gravada na fisionomia da cidade? 

Esta grande comunidade proveniente do outro lado do Atlântico tornou a cidade de Braga mais alegre, espontânea e bem-disposta, concedendo nova vida a urbanizações anteriormente decadentes, trazendo movimento e dinâmica às nossas ruas ou ajudando a valorizar os principais traços da nossa identidade coletiva.

A nossa cidade hoje já não se limita a dançar o vira ou o malhão, mas agita-se também ao ritmo do samba ou do frevo. À hospitalidade e alegria tão típicas do povo minhoto, associamos também a excitação, o ruído e o sorriso espontâneo daqueles que se deixaram deslumbrar pela nossa forma de ser. Esta Braga brasileira, também conhecida como “Bragasil”, tem, efetivamente, potenciado o melhor de nós.

Será possível não nos deixarmos entusiasmar com tão proveitosa presença?

 

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

+ PATRIMÓNIO: Visita Guiada ao legado de D. Diogo de Sousa

 


A Associação Braga Mais organiza, na manhã do próximo dia 21 de outubro, sábado, uma visita guiada ao legado do arcebispo D. Diogo de Sousa. Esta iniciativa, que se integra nas comemorações do 11.º aniversário da associação, tem como ponto de partida a praça da República, junto do edifício da Arcada, pelas 10h00.

Nesta visita guiada procuraremos dar a conhecer o legado do Arcebispo D. Diogo de Sousa, que governou a cidade entre 1505 e 1532 e foi justamente batizado de novo fundador de Braga. Considerado como o maior vulto da história de Braga, lançou as bases do urbanismo da cidade até quase ao século XX e voltou a torná-la grande, numa altura em que poderia ter sido condenada ao esquecimento. 

Os descobrimentos abafaram as cidades que não estavam junto ao mar e D. Diogo de Sousa, conhecedor da Roma renascentista, dotou Braga de novas ruas e espaços urbanos, mandou construir novos templos, fontes e infraestruturas para o comércio. Convidou artistas para virem trabalhar em Braga e assistiu à fundação de novos conventos e promoveu a existência de formação superior, através da fundação do Colégio de São Paulo e a fundação do Hospital de São Marcos.

Nesta visita guiada iremos percorrer alguns dos espaços mais emblemáticos da obra de D. Diogo de Sousa, nomeadamente a Fonte dos Granjinhos, o pórtico primitivo do Hospital de São Marcos, a cabeceira da Sé Primaz ou a rua e Porta Nova que este arcebispo mandou abrir. O percurso irá terminar junto da Fonte de Santiago, na rua da Cónega.

No final desta iniciativa terá lugar um almoço de confraternização, assinalando o 11.º aniversário da Braga Mais. Quem pretender inscrever-se pode fazê-lo através do email associacaobragamais@gmail.com até ao dia 19 de outubro.


terça-feira, 12 de setembro de 2023

+ CIDADANIA: Quem defende os Biscainhos?



Os biscainhos foram os artistas que o arcebispo D. Diogo de Sousa chamou para a cidade de Braga no início do século XVI, para reedificarem, sob os exuberantes cânones do tardo-gótico, a cabeceira da Sé Primaz. Instalados em uma das novas artérias mandadas abrir pelo prelado na zona exterior às muralhas, acabariam por baptizar aquela rua até à posteridade.

Um dos edifícios mais célebres que ali havia de surgir, a partir do século XVII, foi o palacete barroco de Constantino Ribeiro do Lago, onde viriam a trabalhar eminentes artistas como Manuel Furtado de Mendonça, Manuel Fernandes da Silva ou André Soares.

Adquirido pela Junta Distrital de Braga, em 1963, a Gaspar Lobo Machado do Amaral Cardoso de Menezes, 3.º Visconde do Paço de Nespereira, com a pretensão de aí instalar um Museu de Etnografia e História, haveria de abrir as portas a 11 de fevereiro de 1978, reformulando o seu programa como um museu que procurava recriar uma casa senhorial minhota do período barroco. Tendo-se tornado progressivamente num dos espaços culturais mais relevantes da cidade de Braga, o Museu dos Biscainhos seria integrado na Rede Portuguesa de Museus, estando a sua gestão confiada à Direção Regional de Cultura do Norte.

Como é do conhecimento público, a partir do próximo dia 1 de janeiro de 2024, a Direcção-Geral do Património Cultural vai dar lugar a duas entidades distintas: o instituto público Património Cultural, com sede no Porto, e a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal, com sede em Lisboa, ambos com obrigação de cumprimento de eficiência económica.

A proposta de diploma legal que procede à criação da empresa Museus Monumentos de Portugal, lista um conjunto de museus e monumentos, estabelecendo que “a continuidade territorial deste conjunto de museus, monumentos e palácios representativos da excecional relevância patrimonial da herança cultural”, justificando a integração, sob a sua tutela, apenas dos museus “com coleções nacionais e de referência internacional, assim como os palácios e os monumentos nacionais e património da humanidade”.

Os museus tutelados pelas Direções Regionais de Cultura, que sejam considerados fora deste critério, passarão para a tutela dos respetivos municípios. Este é o caso do Museu D. Diogo de Sousa e do Museu dos Biscainhos, daqui se deduzindo que estas instituições bracarenses não são representativas da “excecional relevância patrimonial da herança cultural, que é fundamento da memória coletiva e fator de identidade nacional”. Entretanto, no passado dia 24 de julho, a Câmara Municipal de Braga aprovou, por unanimidade, uma moção contra a desclassificação dos museus D. Diogo de Sousa e dos Biscainhos, numa reação que surge tardiamente, com o processo em fase de execução.

No âmbito desta reorganização, um grupo de cidadãos promoveu a petição «Em defesa do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa», na qual apela ao Ministério da Cultura que reverta a decisão de passar o museu para a gestão municipal. Esta iniciativa, de louvável pretensão, contou com um suporte alargado na população bracarense, além do suporte generalizado dos diversos agentes políticos da cidade, que fizeram questão de aparecer ao lado desta causa de eminente interesse público. No entanto, esse espírito voluntarista de defesa da “res publica” olvidaria o Museu dos Biscainhos.

Este esquecimento convoca-nos para a necessidade de erguer a voz em defesa do Museu dos Biscainhos, uma instituição fundamental nas dinâmicas culturais e turísticas da cidade de Braga, que se encontra instalado num dos seus edifícios de maior relevância patrimonial do período barroco, no qual trabalharam alguns dos mais célebres artífices deste período, além de exibir um dos mais relevantes jardins barrocos do nosso país.

Afinal, quem defende o Museu dos Biscainhos de um processo de municipalização, que poderá menorizar sobremaneira a sua missão, particularmente numa edilidade que tem atualmente os seus três espaços culturais (Museu da Imagem, Casa dos Crivos e Torre de Menagem) encerrados para a realização de obras, cuja execução é continuamente protelada. Estará a Câmara Municipal de Braga, capacitada para gerir o destino de instituições culturais com a valia do Museu dos Biscainhos?

Curiosamente o Museu que ninguém parece querer defender atingiu, no ano de 2022, o número de 57 mil visitantes, o que representa um novo máximo histórico, ultrapassando, curiosamente, os números do Museu que todos querem defender…

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais

segunda-feira, 10 de julho de 2023

MEMÓRIAS DE BRAGA: Rádios Piratas de Braga

Associação Braga + promove no próxima quinta-feira, dia 13 de julho, pelas 18h00, mais uma sessão do ciclo Memórias de Braga que se vai debruçar sobre as Rádios Piratas de Braga.

Esta sessão evocativa, que se realiza no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, terá como convidados a radialista Manuela Barros, Lima Duarte, industrial, e também do investigador bracarense Casimiro Pereira.

As primeiras experiências de radiodifusão foram realizadas por Marconi em 1894, remontando a 1923 a sua introdução em Portugal, com a Sociedade Portuguesa de Amadores de Telefonia sem Fio.

O historial das rádios na cidade de Braga é vasto, nomeadamente após a liberalização das emissões a partir de 1974. Além dos rádios piratas, nos anais bracarenses contam-se a Rádio Baixo (1985), a Rádio 2000 (1985), Rádio Braga (1985), a Rádio Tadim (1986), a Rádio Planeta, Rádio São Mamede (1986), a Rádio Universitária (1989), a Rádio Clube do Minho (1986) e a Rádio Televisão do Minho (1987). Funcionando inicialmente com um locutor amador, dois pratos, uma pequena mesa de mistura, gravador/leitor de cassetes, telefone, estas rádios foram a escola que criou muitos profissionais que hoje estão nas grandes estações da rede nacional.

Recorde-se que o ciclo “Memórias de Braga” realiza-se, com constância bimestral. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.

Além desta iniciativa, em parceria com a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, decorre, entre 7 e 28 de julho, uma exposição bibliográfica sobre as Rádios Piratas, organizada por Fernando Mendes, dirigente da Braga +.

Recorde-se que o ciclo Memórias de Braga realiza-se, com constância bimestral. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.

sábado, 17 de junho de 2023

+ CIDADANIA: Uma estátua a D. Diogo de Sousa

 

Na próxima segunda-feira, dia 19 de junho, cumpre-se 491 anos sobre a morte do arcebispo D. Diogo de Sousa, incontornavelmente, o maior vulto da história de Braga. Arcebispo e senhor de Braga entre 1505 e 1532, lançou as bases do urbanismo da cidade quase até à contemporaneidade, tendo promovido a sua decisiva revitalização, num momento histórico em que poderia ter sido condenada ao esquecimento, porque a epopeia marítima havia voltado Portugal para o mar.

Conhecedor da Roma renascentista, dotaria Braga de novas ruas e espaços urbanos, rompendo com o espartilho das muralhas medievais, abrindo praças e novas ruas, adornando a cidade de fontes, cruzeiros e templos, mas também de infraestruturas para o comércio, tendo também fundado o primeiro hospital da cidade e a primeira instituição de ensino público, o Colégio de São Paulo, ainda que não o tenha posto a funcionar.

Apesar do reconhecimento generalizado do seu papel na história da cidade de Braga, este arcebispo a sua memória continua a não ser evocada da forma que justifica. Dizia José Ferreira, há quase um século, que D. Diogo de Sousa “é considerado o maior benfeitor de Braga, e esta cidade deve-lhe um monumento público, e não resgatará o labéu de ingrata, enquanto não o fizer”. Quase cinco séculos depois da sua passagem, a nossa cidade mantém esse pesaroso labéu e não parece interessada em deixá-lo.

Apesar de discutido o seu papel no contexto da arte contemporânea, as estátuas continuam a afirmar-se como meio preferencial para a preservação e salvaguarda da memória coletiva das comunidades. Erguidas como prova de homenagem e como valor de memória, afirmam-se como marcos fundamentais de identidade.

Utilizadas pelas civilizações clássicas como forma de homenagear os deuses e os detentores do poder, foram recurso crescentemente utilizado a partir do Renascimento, confirmando o seu papel no contexto urbano até aos nossos dias. As estátuas continuam a ser a mais relevante forma de evocação das personalidades mais relevantes da história de uma comunidade.

Monumentais e destacados, atraindo os olhares de quem passa, este tipo de linguagem evocativa mostra-se hodiernamente particularmente eficaz. Como não recordar a icónica estátua de Cristóvão Colombo em Barcelona, a imponente estátua do Marquês de Pombal em Lisboa ou a marcante Coluna de Nelson, no centro da Trafalgar Square, em Londres?

Há precisamente dois anos, a Câmara Municipal de Braga teve a iniciativa, aparentemente pródiga e feliz, de erguer um monumento evocativo ao arcebispo D. Diogo de Sousa, que teria sido ação meritória, se efetivamente tivesse cumprido o seu propósito, e não tivesse cometido três graves equívocos.

O primeiro refere-se à localização: a relevância da personalidade não justificaria um lugar de destaque no contexto do centro cívico bracarense, encontrando-se remetida àquele lúgubre? O segundo erro refere-se à forma: seria possível almejar uma homenagem relevante, estando refém de um concurso de ideias e não apostando num artista de reconhecidos méritos?  O terceiro, e fundamental, lapso foi a dotação: como se pode levar a efeito a evocação da principal figura da história de uma cidade, sem um orçamento proporcional à sua importância?

Quantos bracarenses, minimamente conscientes do papel determinante de D. Diogo de Sousa na história da cidade de Braga, se sentem devidamente penhorados, quando contemplam aquele monumento evocativo?

Estamos a precisamente nove anos de distância de assinalar o quinto centenário da morte de D. Diogo de Sousa. Oxalá possa ser oportunidade para que as principais instituições bracarenses, Câmara Municipal de Braga, Arquidiocese de Braga e Universidade do Minho, se unam, não apenas para evocar o homem e a sua obra, mas principalmente para erguer a estátua que o arcebispo D. Diogo de Sousa plenamente justifica.

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais

quarta-feira, 10 de maio de 2023

+ PATRIMÓNIO: Passeio Convívio em Chaves

 

Braga + e a JovemCoop promovem no próximo dia 3 de Junho mais uma edição do passeio convívio, desta vez propondo um dia em Chaves. O ponto de encontro será às 08h30, junto da Escola André Soares. A viagem será feita de autocarro, sendo que o regresso deverá acontecer pelas 18h30. 

A cidade de Chaves é um dos espaços monumentais mais relevantes de Portugal. Com uma vinculação milenar à cidade de Braga, através da Via romana XVII, que ligava Bracara Augusta a Aquae Flaviae, detém singulares vestígios desse período, nomeadamente a Ponte de Trajano e as Termas Romanas, um dos mais imponentes complexos termais desse período conservados na atualidade.

Além de um centro histórico pontilhado com as características casas com varandas de madeira, detém singulares exemplares de arquitetura militar, derivado da sua posição fronteiriça. A Igreja de Santa Maria Maior, que combina o românico primitivo com a arte renascentista, é um dos seus monumentos mais emblemáticos.

No entanto, um dos mais singulares espaços flavienses é o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, um arrojado edifício concebido por Siza Vieira, que abriu as portas em 2016 e tem como missão a divulgação da obra de Nadir Afonso. Com o objetivo de dar a conhecer uma das rotas com maior vinculação ao quotidiano bracarense, o percurso contará com paragens e visitas guiadas a estes espaços. 

A participação neste percurso detém um custo de 15€, com o objetivo de cobrir as despesas de transporte e os ingressos nos espaços museológicos. O almoço será livre, detendo um espaço para piqueniques nas proximidades dos locais de visita.

A inscrição deverá ser efetuada através do email associacaobragamais@gmail.com ou info@jovemcoop.com. Os associados da Braga +e da JovemCoop têm prioridade na inscrição.

 

domingo, 23 de abril de 2023

+ CIDADANIA: Classificar o Património bracarense

Celebramos no passado dia 18 de abril o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, uma data comemorativa, instituída em 1982 pelo ICOMOS, que tem como objetivo aumentar a consciência pública relativamente à diversidade do património e aos esforços necessários para o proteger e conservar, permitindo, ainda, chamar a atenção para a sua vulnerabilidade.

Uma das formas mais evidentes para proteger e conservar os Monumentos e Sítios é empreender a sua classificação, processo que visa salvaguardar bens que revelem valores como a memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade.

As propostas de classificação não estão reservadas às entidades públicas, mas podem ser empreendidas por qualquer cidadão, associação ou organismo, público ou privado. Portanto, qualquer um de nós pode iniciar um processo de classificação, assim seja devidamente preenchido o formulário disponibilizado pela Direção Geral do Património Cultural.

Competência da Direção Geral do Património Cultural, a classificação é o ato final do procedimento administrativo através do qual se determina que um bem possuí inestimável valor cultural e fica abrangido pelas formas de proteção e valorização previstas pela lei, encontrando-se estabelecida pelo Decreto-Lei 309/2009.

Nos imóveis classificados com os graus interesse nacional e interesse público “não poderá realizar-se qualquer intervenção ou obra, no interior ou no exterior, nem mudança de uso suscetível de o afetar, no todo ou em parte, sem autorização expressa e o acompanhamento do órgão competente da administração central”.

Segundo a mesma lei, nas zonas de proteção dos imóveis classificados “não podem ser concedidas licenças para obras de construção e para quaisquer trabalhos que alterem a topografia, os alinhamentos e as cérceas e, em geral, a distribuição de volumes e coberturas ou o revestimento exterior dos edifícios”. Mesmo assim, continuamos a assistir a intervenções questionáveis nas zonas de proteção de edifícios classificados, como aquela que está a suceder atualmente junto do Recolhimento das Convertidas, monumento de interesse público desde 2012, prevendo-se para breve uma alteração significativa do edifício, também classificado, da antiga Saboaria e Perfumaria Confiança.

Apesar de já contar com quase sete dezenas de imóveis classificados no seu território, Braga continua a exibir um vasto conjunto de exemplares com relevância patrimonial sem qualquer tipo de proteção.

Devido a isso, temos assistido à adulteração e destruição de inúmeros imóveis passiveis de valorização, muitas vezes perante o beneplácito das entidades públicas. Como não recordar a destruição do antigo Bairro Democrático ou da Casa de Guadalupe, a bravia adulteração do Palacete Matos Graça e do edifício dos Correios ou o desaparecimento progressivo de relevantes exemplares de arquitetura civil existentes no Largo de Maximinos ou nas ruas D. Pedro V e Nova de Santa Cruz? Todavia, uma das mais graves ocorrências está a suceder na rua do Carvalhal, com a destruição do Palacete Domingos Afonso, após tentativas frustradas de classificação e oportunas combustões. Todavia, ainda vamos a tempo de proteger o Palacete Júlio de Lima do mesmo destino.

Existe também um considerável número de imóveis de inquestionável relevância patrimonial que ainda não se encontram classificados, apesar de estarem integrados na zona especial de proteção do centro histórico de Braga. São os casos da Torre de Santiago e Oratório de Nossa Senhora da Torre, da Igreja de Santa Cruz, do templo da Penha de França, da Casa do Passadiço ou do antigo Colégio de São Paulo. Mas não convém esquecermos outros edifícios emblemáticos cuja classificação poderia ser ponderada, como o Conjunto de Casas de Renda Económica na Avenida da Liberdade ou as emblemáticas Capelas de São Bentinho ou de São João da Ponte. E como compreender que a Arcada da Lapa, ex-libris fundamental da cidade de Braga, continue desprotegido legalmente?

É certo que muitos proprietários entendem os processos de classificação como um entrave à sua iniciativa, no entanto, podem até tirar proveito dessa situação no acesso a programas de reabilitação e valorização do edificado. Compete, por isso mesmo, às entidades públicas, a salvaguarda e proteção do seu Património Cultural, mas também a sensibilização dos cidadãos para a relevância histórica e artística dos seus bens.

Empreender processos de classificação é o único caminho para garantir a salvaguarda e valorização do Património Cultural existente no território bracarense, dado que garante a sua proteção legal efetiva, tornando-os imunes aos tempos e vontades particulares.  

 

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais


sexta-feira, 21 de abril de 2023

MEMÓRIAS DE BRAGA: Livraria Cruz

Associação Braga + promove no próxima quinta-feira, dia 27 de abril, pelas 18h00, mais uma sessão do ciclo Memórias de Braga, que se vai debruçar sobre a Livraria Cruz, histórico estabelecimento bracarense, que existiu entre 1888 e 1996.

Esta sessão evocativa, que se realiza no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, terá como convidados Luísa Braga da Cruz, familiar do fundador e proprietários, e também do investigador bracarense Rui Ferreira.

A Livraria Cruz foi fundada em 1888 com o nome de Livraria Escolar – Cruz & Companhia pelo professor e pedagogo do ensino suplementar José António da Cruz, nascido a 27 de abril de 1859 na Freguesia e Couto de Vimieiro, tendo casado a 13 de abril de 1885 com Emília Rosa Braga da Cruz, na Igreja de Maximinos. José António da Cruz, constituiu sociedade com o seu amigo João Correia Forte a 19 de abril de 1888, na Rua Nova de Sousa. Dedicou-se à Livraria e ao comércio de livros destinados ao ensino primário, porque havia uma grande falta dos mesmos no ensino Primário Geral. Na época, porém, eram adotadas apenas as Cartilhas do ABC e a do Abade de Salamonde.

Com as suas relações pessoais, consegue entrar em contacto com o meio cultural de Coimbra, de que se destacam os nomes dos Professores Doutores Francisco José de Sousa Gomes, Gonçalves Guimarães, Souto Rodrigues, Bernardo Aires, Anselmo Ferraz de Guimarães, Eusébio Tamagnini, Diogo Pacheco de Amorim, entre muitos outros.

A Livraria Cruz orgulha-se das sua obras editoriais e de grande singularidade no nosso país, tendo algumas constituído verdadeiros êxitos muitas gerações de estudantes, associadas a grandes escritores portugueses do século XVIII- XX, tais como Contos Lendas e Narrativas, Frei Luis de Sousa, Auto da Alma de Pe. António Vieira, Júlio de Moraes, Saavedra Machado. A. Correia de Oliveira, Dr. José Vicente Gonçalves, António Palma Fernandes e outros.

Em 1996, a Livraria Cruz acabaria por encerrar, sendo o estabelecimento ocupado pelo grupo Bertrand até encerrar definitivamente em 2004.

Além desta iniciativa, em parceria com a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, decorre, entre 15 de abril e 3 de maio, uma exposição bibliográfica sobre a Livraria Cruz, organizada por Fernando Mendes, dirigente da Braga +.

Recorde-se que o ciclo Memórias de Braga realiza-se, com constância bimestral. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.

sábado, 1 de abril de 2023

+ PATRIMÓNIO: Visita Guiada à Zona Ribeirinha de Braga

 

O rio Este apenas no último quarto de século foi plenamente integrado na área urbana de Braga, porém a ocupação humana nas suas margens é quase tão antiga como a própria cidade. É precisamente nesta área, a que chamamos zona ribeirinha, que vão surgir interessantes áreas habitacionais onde a história e o património se encontram.

Por isso mesmo, a associação Braga +, em parceria com a União de Freguesias de São Lázaro e São João do Souto, organiza, no próximo dia 15 de abril, sábado, mais um percurso pelo património bracarense, desta feita percorrendo a Zona Ribeirinha de Braga

Os Galos, as Latinhas ou os Pelames são alguns dos lugares de um percurso que conta com passagens pela Capela de Santa Justa, S. João da Ponte ou Santo Adrião, bem como pelas Fontes dos Galos e dos Namorados.

 Este percurso, que tem início marcado para as 10h00 junto à Ponte dos Pelamesterá a duração de duas horas e será orientado por Rui Ferreira.  

A participação é livre, não exigindo inscrição prévia. 

sábado, 25 de fevereiro de 2023

+ CIDADANIA: Uma cidade em estado de emergência

 


Devido à situação pandémica em que a nossa sociedade se viu recentemente mergulhada, fomos obrigados a confrontar-nos com sucessivos estados de emergência, que alteraram sobremaneira o nosso quotidiano e nos fizeram viver num regime de exceção. Um estado de emergência é, segundo a Constituição Portuguesa, declarado quando se verifiquem situações em que “ameacem verificar-se casos de calamidade pública”.

Nos últimos meses tem-se tornado evidente o estado de degradação e desmazelo da cidade de Braga, nomeadamente no que se refere ao seu espaço público. As ruas aparecem ineditamente esburacadas, muitas calçadas desmanteladas, espaços verdes com uma declarada falta de manutenção, muitas árvores cortadas com insuficiente justificação e, de forma reiterada, os contentores de lixo e reciclagem vão aparecendo sobrelotados. 

Não sabemos de isto será suficiente para falarmos de calamidade pública ou se exibe os requisitos mínimos para uma declaração do estado de emergência, no entanto, exigirá seguramente uma profunda reflexão da comunidade bracarense. Se adicionarmos a esta evidente incúria na gestão do espaço público, o trânsito caótico em certos horários, a crescente insegurança de peões e motociclistas, ou a constante limitação de acesso às nossas moradas por causa de eventos desportivos recorrentes, talvez possamos tecer melhores fundamentos para esta situação.

Quantas vezes já não descemos à rua com o saco do lixo e tivemos que voltar para casa, porque o contentor - o anunciado sistema moderno e inovador - se encontra a abarrotar de dejetos? Não nos terá acontecido alguma vez termos descido com o lixo reciclável, para civicamente o depositarmos no respetivo contentor, e fomos impedidos de o fazer, não nos restando alternativa senão invertermos o nosso percurso ou depositarmos no contentor do lixo orgânico, isto se não estiver também repleto?

Não nos teremos deparado também com agentes da Polícia Municipal a autuar veículos estacionados nos lugares indevidos num domingo de manhã, precisamente naquelas urbanizações em que foram efetuadas intervenções que só vieram complicar a vida dos seus moradores, quando nos deparamos com inúmeras situações que condicionam severamente o trânsito nos dias úteis, sem que haja lugar a qualquer intervenção das autoridades?

E como não comentar essa enfermidade que tanto tem abalado as árvores que tiveram a desdita de ser implantadas no espaço público de Braga, que tem justificado o abate desenfreado de centenas de árvores. O temor – meramente particular e individual - de que uma árvore possa cair novamente em cima de uma pessoa, poderá legitimar esta autêntica desflorestação urbana?

Todos os bracarenses certamente já terão deparado com as esburacadas ruas da nossa cidade, consequência certamente das condições atmosféricas do último outono, mas resultado maior da ausência da devida manutenção dos pavimentos da parte das entidades públicas. Tudo isto sucedeu porque, em vez de efetuar a regular substituição e manutenção dos pavimentos, preferimos financiar ambiciosos planos de comunicação mediática, muitas vezes implementada por motivações meramente individuais, ou despender recursos em eventos com orçamentos megalómanos, que nada contribuem para a identidade da comunidade.

Também na nossa cidade de Braga vamos permitindo a destruição dos quarteirões do centro histórico, ao arrepio do que outras cidades bem próximas de nós  vão regulamentando, aumentando brutalmente a impermeabilização dos solos e incrementando o risco de inundações a médio e longo prazo, as mesmas que já crescentemente nos abalam.

O mais surpreendente desta situação de emergência é verificarmos a aparente letargia e conformismo de muitos bracarenses, em particular daqueles que assumiram a representação da comunidade como sua missão. Convém recordar que aqueles que são eleitos em sufrágios eleitorais, independentemente de desfrutarem de funções executivas, assumiram um compromisso com a comunidade, que não se pode manifestar de forma declarada apenas a seis meses dos atos eleitorais.

Cumprindo a sua missão de Cidadania, a Braga Mais continuará atente e a fazer valer a sua voz no seio da comunidade bracarense.

 

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais