quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Reabilitação ou desqualificação urbana de Braga?

A 2 de Setembro foi notícia no Diário do Minho.
Futuro da construção civil pode estar na reabilitação
A reabilitação dos centros históricos e da habitação degradada poderá ser uma solução para a grave crise que o setor da construção está a passar. Esta é a convicção do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Madeiras, Mármores, Cerâmica e Afins da Região a Norte do Douro. José Maria Ferreira garante que, no distrito de Braga, a maioria das pequenas empresas de construção já faliu e que não há praticamente nenhuma firma de média e grande dimensão que não esteja a dispensar pessoal. As contas da Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas dão conta que, em Portugal, nos primeiros sete meses deste ano, faliram 868 construtoras.

Quando no presente se fala em reabilitar, requalificar e regenerar, não se poderá estar na verdade a desabilitar, desqualificar e a degenerar a cidade de Braga?

Em relação às intervenções nos centros históricos, mais concretamente no centro histórico de Braga, é necessário ter consciência do enquadramento global e nacional da cidade, e que épocas se devem privilegiar.

A Europa e Portugal marcaram e dominaram a arquitetura e a cultura a nível mundial, desde a Renascença até ao início do século XX. Contudo, atualmente essa hegemonia perdeu-se e as grandes correntes e obras da arquitetura mundial, surgem nos mais diversos países, e nas metrópoles em ascensão na Ásia, América...

Além deste breve enquadramento global, também a nível nacional Braga teve uma preponderância cultural, arquitetónica, política e religiosa muito superior durante este período, que se inicia no século XVI com o Arcebispo D. Diogo de Sousa e perdura até ao século XIX. 

Nesta época, a Igreja Católica tinha um papel predominante na sociedade portuguesa, e dentro deste contexto, Braga foi tão só a "capital" religiosa do império português até 1716. 
Também a nível político, até à primeira metade do século XIX, Braga assumiu uma importância muito superior à atual, sendo a capital do Entre Douro e Minho, a província mais populosa de Portugal e a mais densamente povoada da Península Ibérica. 
Em acréscimo a todos os fatos supracitados, no que diz respeito à dimensão urbana, Braga era a terceira maior cidade, sendo que em 1736 a diferença para o Porto era de apenas 8.000 habitantes, situação que se alterou desde então, com o crescimento exponencial do Porto.

Como consequência deste passado, Braga possui no seu centro histórico dezenas de monumentos classificados e por classificar. Alguns, são expoentes máximos da arquitetura portuguesa na época.

Dentro deste enquadramento, quando se analisam as intervenções que se têm efetuado durante o século XX e XXI, apesar de estarem assentes em pretensões de evolução, requalificação e modernização, têm frequentemente resultado na aniquilação e destruição do património e da identidade de Braga, além contribuírem para a perda do enorme potencial turístico da cidade. Criando edifícios e áreas no centro histórico, que face ao panorama mundial, nunca poderão obter o valor e a atratividade que o conjunto do edificado histórico possuía.

Fontes: 123

Em suma, quando se intervém no centro histórico da cidade deve ser imperativo preservar o edificado histórico, procurando até recuperar o edificado perdido, não devendo a arquitetura contemporânea tomar o protagonismo, como se verifica em diversas intervenções no centro histórico. A expressão plena da arquitetura contemporânea, deve ficar reservada aos vários quilometros quadrados dados como urbanizáveis no município, contribuindo aí para a valorização patrimonial de Braga através da criação de novas áreas urbanas.

Manter viva uma cidade não deve ser sinónimo de destruição do legado histórico e perda do potencial turístico.


 
Fontes: 123

Carlos Santos in "bragaon.blogspot.pt"

Apresentação pública da Associação Braga+

@Rui Pinheiro
A 21 de outubro, foi apresentada à cidade a Associação Braga+ (Cultura, Património e Cidadania). Do alto da Torre de Menagem emanaram grandes ideias e muitas vontades de trabalhar em prol da nossa cidade! 

"Iniciamos oficialmente este projecto, denominado Braga +, num local emblemático da nossa cidade: a torre de Menagem, encontrados 193 metros acima do nível do mar, 30 metros acima do solo e numa localização estratégica sobre o antigo circuito medieval. Quisemos começar aqui no preciso lugar da história, bem próximos do coração da nossa cidade, a mesma que nos toca, nos move o afecto e nos faz estar aqui hoje reunidos.

Nesta torre, outrora sede da nossa defesa colectiva, propomos-nos carregar sobre os ombros a responsabilidade de uma cidadania activa, não nos negando ao protagonismo a que qualquer cidadão deve aspirar numa sociedade democrática.

Estamos certos que a nossa palavra e intervenção serão agentes efectivos de sensibilização e mudança, num tempo decisivo para a definição do papel do nosso município no contexto regional e nacional. Seremos intérpretes inegáveis de uma geração cada vez mais consciente da valia do seu passado, que aspira a mais, e que sabe que pode alcançar esse mais com o seu esforço e empenho."

Não nos une a visão económica da sociedade, os credos religiosos, ou as sensibilidades partidárias. Não nos une a idade, o género, ou a área de formação. Também não nos une o clube de futebol, as opções profissionais ou os grupos dos quais fazemos parte. Une-nos sim uma cidade e o seu futuro. E esta unidade e procura de objectivos comuns tem um nome concreto: Braga! Nesse sentido deixaremo-nos guiar por um trinómio de actuação: cultura-património-cidadania."

Queremos uma Braga com Mais Cultura! Não nos limitaremos a questionar. Não nos inibiremos também de fazer sugestões para melhorar a qualidade do que já de bom se realiza em termos culturais no nosso município. Procuraremos sim, sermos nós também promotores de cultura, patrocinando percursos pelo património, prelecções sobre a história local, debates sobre o destino a dar a imóveis de singular valia, ou não nos inibindo de buscar parcerias para fazer realidade – já em 2013 – o sonho de um Festival Barroco. Seremos fazedores de cultura, conscientes que estamos da necessidade de não apenas exigir aos poderes públicos o acesso à mesma, mas certos que também podemos dar o nosso contributo. Qualquer cidade que pretenda afirmar-se na Europa só o pode fazer se apostar claramente na cultura. E nós daremos, para tal, o nosso humilde contributo.  

Queremos uma Braga com Mais Património! Braga é daquelas cidades que não se pode descrever. Ama-se e pronto! Os bracarenses amam genuinamente a sua cidade e têm sido capazes de se tornar cada vez mais adeptos do seu passado e da sua identidade. Talvez por vivermos imersos numa sociedade pós-moderna, que frequentes vezes se sente privada de referenciais e fundamentos, a necessidade de preservar o património cultural e intangível tornou-se uma prioridade. Braga é hoje uma cidade de património. Não, porventura, pelo zelo dos poderes públicos na preservação ou valorização do património, muito menos pelo facto de termos sabido respeitar sempre o legado do nosso passado. Braga é uma cidade do Património devido à evidência do zelo apaixonado dos bracarenses por aquilo que é genuinamente seu, pela sua vontade inexorável de conhecer melhor a sua identidade e pela sua atitude férrea e persistente na defesa do seu património cultural.

Queremos uma Braga com Mais Cidadania! Por último, mas sem menor importância, cabe-nos patrocinar a cidadania, vector essencial da sociedade democrática e ícone da participação dos cidadãos nas decisões que os implicam. Não temos pretensões de sermos decisores do que quer que seja, mas temos a ambição controlada de auxiliar, com a nossa voz e reflexão a pensar novas soluções para as questões comunitárias e a sugerir ideias que podem ser fundamentais para o nosso futuro.

O nosso sonho: a constituição de um museu da cidade de Braga. Não é algo de inédito, dado que Braga já teve uma espécie de museu da cidade nos primórdios do Museu D. Diogo de Sousa. Esta ideia nasce do imperativo de divulgar a riqueza de uma história com dois mil anos, por onde passaram diversos povos e culturas que deixaram bem vincadas as suas marcas. Os bracarenses só poderão perceber a sua identidade se acederem à sua história. 

Amigos e amigas, bracarenses de boa vontade, este projecto é para vós e vai ser aquilo que cada um de nós quiser que ele seja. Não é por nós que o fazemos, mas sim pelos bracarenses do futuro, por aqueles que ainda não nasceram, que ainda não entenderam a importância do berço que o destino lhes doou e que antecipadamente são convidados a soletrar esta palavra que nos faz propulsar o coração: Braga! Se hoje aprendermos a valorizar e a conservar – sem nenhum de tipo de arcaísmo ou imobilidade – a memória da comunidade humana à qual pertencemos, poderemos dizer que cumprimos a nossa responsabilidade.

Que diria o notável Arcebispo D. Diogo de Sousa perante a nossa intenção de salvaguardar-lhe a memória e de recordar a Braga do seu tempo? Que reacção teria o pequenino D. Rodrigo de Moura Telles, vendo-nos aqui abismados perante a sua suprema ideia de dar a Braga e ao mundo um ex-libris raro, como é o Bom Jesus? Que desenhos faria André Soares diante da tamanha admiração que hoje lhe granjeamos e perante o nosso compromisso em elevar um barroco que, pelas suas mãos, ousou chamar-se bracarense?

O que desejamos é uma Braga que sabe potenciar os seus recursos, que valoriza o património legado pelas diferentes eras que atravessou, uma cidade que se orgulha do seu passado, que o conhece e valoriza, e que o sabe mostrar ao resto do mundo. Uma Braga + culta, + participada e com + identidade! " 
Braga, aos 21 dias de outubro do ano 2012 da era cristã
Rui Ferreira

Rui FerreiraProf. Miguel BandeiraRicardo Silva e Carlos Santos


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Estádio 1.º de Maio vai ser classificado


Anúncio n.º 13496/2012 de 28/09/2012


O estádio 1.º de Maio vai ser classificado como monumento de interesse público.

parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura foi dado na passada semana, depois de um processo que demorou quase três décadas a ter seguimento, dado que a Câmara Municipal de Braga havia feito pedido de classificação em 1985. Depois da capela de Guadalupe, igreja dos Terceiros, recolhimento das Convertidas e igreja do Carmo trata-se de uma excelente notícia para Braga.

O estádio 1.º de Maio é considerado um dos mais belos recintos desportivos portugueses, tendo sido delineado pelo arquitecto João Simões. Foi inaugurado em 28 de Maio de 1926, naquele que foi considerado um dos "maiores dias de Braga" devido à quantidade de gente que atraiu à capital do Minho.

Rui Ferreira in "bragamaior.blogspot.com"