segunda-feira, 25 de outubro de 2021

CENTENÁRIO DE VICTOR DE SÁ: Apresentação do livro "À ponta do Lápis"


Joaquim Victor Baptista Gomes de Sá foi um dos mais ilustres bracarenses do século XX. Livreiro, escritor, historiador, professor nas Universidades do Porto e do Minho, e até diretor do Correio do Minho, foi muito mais do que isso. Inquieto promotor da liberdade, num tempo em que era especialmente limitada, foi um arauto do livre pensamento e da dignidade humana. No passado dia 14 de outubro assinalou-se o centenário do seu nascimento. 

Associando-se a esta efeméride, a Braga Mais irá promover a apresentação de um livro que reúne uma seleção de textos de Victor de Sá, compilados criteriosamente por Fernando Mendes, seu antigo funcionário e dinâmico dirigente da nossa associação. 

A apresentação pública do livro “À Ponta do Lápis – Escritos Juvenis” vai decorrer na próxima sexta-feira, 29 de outubro, pelas 21h00 no Salão Nobre dos Congregados, Escola de Música da Universidade do Minho. 

A sessão de apresentação, que estará a cargo de Fernando Mendes, responsável pela publicação, conta com a participação de Victor Louro de Sá, filho do homenageado, e de Viriato Capela, professor catedrático da Universidade do Minho. A sessão contará com um momento musical pelo guitarrista Luís Coentrão.

A publicação, editada pela Braga Mais, conta com o apoio da Universidade do Minho e do Município de Braga.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

+ PATRIMÓNIO: Roteiro Gallaecia Sueva

 


A associação Braga Mais, juntamente com a Academia Galega da Língua Portuguesa e com a Associação Pró Academia Galega da Língua Portuguesa, sediada em Vigo, irá organizar o roteiro pela Gallaecia Sueva, que pretende proporcionar aos participantes um dia inteiro dedicado ao conhecimento sobre este relevante período histórico do noroeste peninsular.

Esta iniciativa vai desenrolar-se em duas etapas: a 23 de outubro em Braga e a 26 de março em Ourense.

O roteiro bracarense, previsto para sábado, 23 de outubro, prevê uma visita a alguns dos vestígios suevos no nosso território. O ponto de encontro está previsto para as 10h00, junto ao Museu D. Diogo de Sousa, onde a comitiva galega se encontrará com os participantes bracarenses.

A primeira etapa do roteiro será no Monte de Santa Marta das Cortiças, onde outrora se implantava um palácio suevo. Seguidamente os participantes descerão até à cidade de Braga onde está prevista uma visita ao Núcleo Interpretativo da História de Braga, instalado na Torre de Menagem (sujeito a confirmação).

Segue-se uma visita ao Museu D. Diogo de Sousa, no qual decorrerá o almoço.

Durante a tarde está agendada uma mesa-redonda a propósito da salvaguarda da memória dos suevos no noroeste peninsular com representantes das associações participantes, seguindo-se a visita à Capela de São Frutuoso e ao Núcleo Museológico de Dume, onde terminará o roteiro.

 As deslocações e outras despesas implicadas ficam à responsabilidade de cada participante.

As inscrições, que incluem o almoço no Museu D. Diogo de Sousa, devem ser efetuadas através do email associacaobragamais@gmail.com até ao dia 20 de outubro.

 

+ CIDADANIA: Victor de Sá à ponta do lápis

 

As comunidades humanas não se esgotam nos limites pré-determinados pelas suas fronteiras geográficas. A sua existência não provém do território e da sua circunscrição. É, sim, uma construção histórica das sucessivas ocupações promovidas por homens e mulheres que, nesse espaço físico, viveram e se concretizaram.

Braga, como lugar da história, muito fica a dever àqueles que a edificaram ao longo de séculos, mesmo provenientes de outras paragens, mas também a todos os que – natos ou adotados - levantaram bem alto o seu nome. Um dos casos mais paradigmáticos deste último grupo é Joaquim Victor Baptista Gomes de Sá, um dos mais ilustres bracarenses do século XX.

Filho de uma professora primária e um militar, nasceu a 14 de outubro de 1921 na freguesia barcelense de Cambeses, tendo cedo migrado para a cidade de Braga, onde se implantou para sempre. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas em Coimbra, em 1959, acabaria por doutorar-se, em 1969, na Universidade da Sorbonne, em Paris.

Nesta cidade, pela qual se apaixonou, dedicou vastos anos da sua existência à Cultura e à Liberdade. Por isso mesmo, no dia 6 de novembro de 2014, a Braga Mais teve oportunidade de recordar Victor de Sá numa das primeiras sessões do seu ciclo de "Memórias de Braga", que se propõe partilhar e construir memórias sobre a cidade.

Victor de Sá foi livreiro, escritor, historiador, professor nas Universidades do Porto e do Minho, e até diretor do Correio do Minho, no entanto, foi muito mais do que isso. Inquieto promotor da liberdade, num tempo em que era especialmente limitada, foi um arauto do livre pensamento e da dignidade humana.

Resistente antifascista, Victor de Sá foi preso em sete ocasiões, tendo participado ativamente na campanha de Humberto Delgado às eleições presidenciais de 1958 e também nos Congressos da Oposição Democrática realizados em 1969 e 1973 em Aveiro. Candidato a Braga pela Oposição Democrática em 1961, depois do 25 de Abril foi deputado na Assembleia da Républica eleito pelo Partido Comunista Português.

Os livros, contudo, foram o mais genuíno traço da sua personalidade. Começando como colaborador da modesta Livraria Gualdino Correia, alguns anos depois fundou uma Biblioteca Móvel, projeto inovador que permitia um democrático acesso aos livros a todos os que pretendiam ler e não tinham essa possibilidade.

Em 1947 fundou a Livraria Victor na rua dos Capelistas, instalada em edifício hoje desaparecido. Esta livraria foi um autêntico espaço de cultura e pensamento, não se conformando com os grilhões impostos pelo regime vigente. Por isso mesmo, foi alvo de diversos inquéritos e apreensões pela PIDE e até encerramentos temporários. Apesar disso, Victor de Sá resistiu e persistiu.

A mais significativa dívida de Braga para consigo será mesmo esta. Victor de Sá faz-nos perceber como uma livraria pode mudar uma comunidade. Mantê-la viva e acordada. E bem sabemos que numa cidade onde abundam livrarias, superabunda a cultura. Por isso mesmo, memorar Victor de Sá é, não apenas prestar homenagem à personalidade e ao seu legado, mas sublinhar a singular relevância da Cultura numa comunidade. Apesar disso, numa cidade que afirma o seu anseio por ser Capital Europeia da Cultura, continuamos a exibir um restrito número de livrarias.

Victor de Sá viria a falecer na sua cidade de Braga a 31 de dezembro de 2003, tendo deixado um legado que, ainda hoje, perdura.

No próximo dia 14 de outubro assinala-se o centenário do seu nascimento e, associando-se a esta efeméride, a Braga Mais irá promover a apresentação de um livro que reúne uma seleção de textos de Victor de Sá, compilados criteriosamente por Fernando Mendes, seu antigo funcionário e dinâmico dirigente da nossa associação. A apresentação pública do livro “À Ponta do Lápis – Escritos Juvenis” deverá ocorrer na última semana de outubro e todos os bracarenses estão especialmente convidados a participar.

Que Braga saiba sempre recordar e reconhecer aqueles que a tornaram efetivamente maior!

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais