Correio do Minho, 19 de Novembro de 2019 |
A Braga Mais organiza desde há seis anos um ciclo
de sessões intitulado “Memórias de Braga”. Cada conversa, que se quer informal,
anda à volta de um ou mais convidados que recordam personalidades, ofícios ou
momentos relevantes do quotidiano bracarense. Luís Costa, Victor de Sá, Malas
Ferreira, Viriato Nunes, Chapelaria, Nogueira da Silva, entalhadores, entre
muitos outros, foram recordados nestas sessões. O objetivo é mesmo o de
conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias
sobre a cidade.
Uma das primeiras sessões deste ciclo, realizada a
11 de novembro de 2013, foi dedicada a António Maria Santos da Cunha, tendo
tido como convidado o seu ex-secretário pessoal, Henrique Pereira.
António Maria Santos da Cunha, nasceu na freguesia
da Sé a 10 de Novembro de 1911, filho de Sebastião Santos da Cunha e de Libânia
de Jesus Fernandes Cunha, tendo casado com Rosa Mendes Santos da Cunha.
Bairrista exacerbado, Santos da Cunha é reconhecido
pelo seu fervor apaixonado a todas as causas da cidade de Braga. Comerciante de
profissão, cedo se envolveu em inúmeras instituições da cidade, nomeadamente no
Grémio do Comércio, Sindicato dos Caixeiros e Comissão de Festas de São João.
Foi presidente da Câmara Municipal de Braga entre 1949 e 1961, período no qual
foi lançado o plano de urbanização do sul da cidade e a Rodovia. Homem
reconhecidamente ligado ao Estado Novo desempenhou ainda os cargos de deputado
à Assembleia Nacional, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e
Governador Civil de Braga.
Durante o ser percurso, foram incontáveis todas as
suas participações em instituições e associações culturais, de entre outras:
Real Academia Galega, Academia das Ciências Sociais e Políticas de São Paulo,
Sociedade Martins Sarmento, Associação de Jornalistas e Homens de Letras do
Porto, Associação Jurídica de Braga ou a Sociedade Histórica da Independência
de Portugal.
Deu o seu grande contributo como provedor da
Misericórdia na ampliação do Hospital de São Marcos e na construção do Centro
de Recuperação e Ortopedia. No desporto é de salientar o seu forte empenhamento
na construção do Estádio 28 de Maio e no apoio entusiástico ao Sporting Clube
de Braga.
António Maria Santos da Cunha era conhecido como um
homem de fibra, de coração e muita inteligência. Um dia recebeu em audiência
dois irmãos que o “combatiam fortemente”. Tendo sido chamado à atenção de quem
eles eram, respondeu: “Eu sei que dizem mal de mim, que são meus inimigos, mas
… são dois bracarenses, e isso é que conta”.
Faleceu a 26 de Março de 1972, em plena Semana
Santa, tendo despertado inúmeras manifestações de pesar. O seu préstito fúnebre
foi acompanhado desde a Igreja do Hospital por várias dezenas de milhares de
pessoas. Durante o cortejo fúnebre, quatro aviões do Aero-Clube de Braga
sobrevoaram-no, lançando flores sobre a urna.
Os seus sobrinhos D. Maria Manuela Santos da Cunha
Quintas e José Joaquim da Cunha Nicolau, ofereceram parte do seu espólio à
Santa Cada da Misericórdia de Braga, perpetuando a sua memória e legado.
Fernando Mendes
Vice-Presidente da Braga Mais
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