Correio do Minho, 22 de Outubro de 2019 |
Assim titulava o Correio do Minho, na sua edição de 22 de outubro de 2012, a
apresentação pública da associação Braga Mais, nascida sob os auspícios de um
grupo de bracarenses apaixonados pela sua cidade. Hoje, ao iniciarmos esta
parceria, que agradeço na pessoa do Diretor do Correio do Minho, não poderia deixar de remeter para esse momento de
enorme significado, que decorreu simbolicamente no alto da Torre de Menagem, no
qual traçamos as linhas orientadoras da nossa missão.
Foi, precisamente, no baluarte essencial na defesa
de tão augusta urbe, que nos propusemos iniciar um projeto de cidadania e
intervenção, que fundamentalmente ia de encontro a um interesse pelo património
e pela cultura manifestado crescentemente pelos bracarenses.
A salvaguarda da memória através da valorização e
divulgação dos diversos patrimónios acumulados foi sempre o nosso objetivo
primordial. Percebemos a memória coletiva como fator primordial de coesão
social, além de responsável pela criação de uma comunidade afetiva (Pollak,
1989). O reforço da coesão social de que o património pode ser agente permite-nos
um vínculo mais efetivo ao grupo no qual nos inserimos.
Uma comunidade sem alma, sem memória e sem história
não sobrevive ao futuro e está condenada a circular como diletante pelos
caminhos do mundo, sem transportar horizonte e desprovida de qualquer anseio.
Não queremos isso para Braga! Estamos certos que a nossa palavra e intervenção
são agentes efetivos de sensibilização e mudança. Somos intérpretes inegáveis
de uma geração cada vez mais consciente da valia do seu passado, que aspira a
mais, e que sabe que pode alcançar esse mais com o seu esforço e empenho.
Da mesma forma, a nossa missão confirma a cidadania
ativa a que todos somos chamados nas sociedades hodiernas. Sublinhamos, neste
âmbito, a visão de Michel Foucault sobre o nível molecular de poder que nos
assiste. A cidadania não é mais do que a consciência de que cada um de nós
possui um certo nível de poder na cadeia social em que se insere. Apesar de
muitas vezes estarmos distantes do centro de decisão, ou termos a consciência
de que somos apenas comandados, existe sempre a possibilidade de exercer uma
certa influência sobre a sociedade, particularmente quando vivemos inseridos
num regime democrático. Por mais deficiências que o exercício democrático
revele, ou mesmo que se viva num regime autoritário, cada cidadão tem sempre a
possibilidade de se manifestar, de diversas formas, e dessa forma influenciar
as decisões. Provamos, ao longo destes anos, que é possível fazer valer a nossa
voz no seio da comunidade em que nos inserimos.
Cada tempo tem as suas preocupações e desafios,
exprimindo-os de formas diversas relativamente ao passado. Por isso mesmo,
deveremos estar sempre disponíveis para atualizar e rever as formas como
desempenhamos a nossa missão. Ao cumprirmos sete anos de existência, queremos
continuar a dar passos firmes na construção de uma comunidade mais consciente do
seu valor.
Na Braga Mais não mudamos de ideias ou convicções.
A nossa missão é Braga e a sua identidade e assim continuará a ser.
Rui Ferreira
Presidente da Direção da Braga Mais
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