segunda-feira, 11 de novembro de 2024

+ CIDADANIA: Vamos reavivar o Castro de Monte Redondo?

 

O Castro de Monte Redondo é possivelmente o mais importante povoado proto-histórico do território bracarense. Localizado na freguesia de Guisande, no alto do também denominado monte Cossourado ou de São Mamede, a uma altitude de 427 metros, detém uma posição de domínio sobre os vales do Pelhe, em Famalicão e sobre a veiga de Penso, em Braga.

Devemos a Albano Belino, o precursor da arqueologia bracarense, além do alerta para a relevância patrimonial do Castro de Monte Redondo, os primeiros e mais significativos trabalhos de prospeção arqueológica daquele povoado castrejo desenvolvidos nos anos de 1899 e 1900. As escavações revelaram a existência de três muralhas, tendo a primeira mais de um quilómetro de perímetro e um conjunto muito significativo de habitações de plantas circulares e quadradas.

Devido à relevância dos vestígios ali encontrados, o Castro de Monte Redondo seria classificado como Monumento Nacional a 23 de junho de 1910. Apesar disso, encontra-se até hoje votado ao esquecimento e sem qualquer expectativa de valorização patrimonial.

Por isso mesmo, a associação Braga Mais, juntamente com a União de Freguesias de Guisande e Oliveira São Pedro, estão a organizar o ciclo de iniciativas “Vamos reavivar o Castro de Monte Redondo”, que tem como objetivo alertar a comunidade para o imperativo de promover a valorização e salvaguarda do mais importante povoado proto-histórico bracarense.

A primeira iniciativa teve lugar no passado dia 11 de outubro, com a realização de uma tertúlia sobre “A pré-história de Braga e o Castro de Monte Redondo”, que contou com a participação de muitos habitantes de Guisande e, especialmente, da proprietária dos terrenos onde se implanta o Castro de Monte Redondo, tendo ficado evidente, não apenas o interesse da população na revitalização daquele sítio arqueológico, mas também a disponibilidade dos proprietários dos terrenos em encontrar uma solução de valorização patrimonial daquele espaço.

Hoje, dia 9 de novembro, vai decorrer uma caminhada ao Castro de Monte Redondo, que prevê a subida ao alto da montanha e visita aos vestígios ali expostos, particularmente as três linhas de muralhas, tendo a primeira mais de um quilómetro de perímetro e um conjunto muito significativo de habitações de plantas circulares e quadradas.

Considerando a valia deste sítio arqueológico, reconhecido plenamente pelas entidades competentes com a sua classificação como Monumento Nacional, torna-se incompreensível que, até aos dias de hoje, nada tenha sido feito em prol da sua salvaguarda e valorização. Mais inexplicável que esse facto, é o profundo silêncio que continua a imperar sobre o Castro de Monte Redondo.

Continua a ser missão primordial dos cidadãos e respetivas comunidades o apelo permanente para a proteção e salvaguarda do seu património cultural. Sublinhe-se, nesse âmbito, as ações de sensibilização promovidas há escassos anos pela JovemCoop e algumas outras intervenções cívicas. No entanto, poucos bracarenses parecem interessados na salvaguarda de um monumento que em outros municípios apareceria, certamente, como baluarte da valorização do Património. 

Localizado em propriedade privada e com acesso reservado, o mais importante testemunho da cultura castreja do concelho de Braga ainda se encontra ausente do quotidiano bracarense. O sonho de Belino, concretizado parcialmente com a criação do Museu D. Diogo de Sousa, continua a aguardar a sua execução. Os materiais provenientes da prospeção arqueológica que promoveu encontram-se na Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, enquanto o castro, Monumento Nacional, continua votado ao esquecimento.

Detendo uma comunidade consciente da sua valia patrimonial, disponibilidade dos proprietários para a sua fruição e valorização e empenho da sua Junta de Freguesia, apenas falta o efetivo interesse da Câmara Municipal de Braga e das entidades tutelares do Património Cultural, para que o Castro de Monte Redondo possa finalmente ser descoberto pelos bracarenses. Até quando irá Braga desperdiçar um sítio arqueológico desta valia histórica e patrimonial?

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais

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