quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Debate: Qual o futuro para a Fábrica Confiança?



Debate: 27 de Setembro, 21h30, Auditório da Junta de Freguesia de S. Victor
Convidados: José Manuel Lopes Cordeiro (arqueologia industrial), José António Lameiras (urbanista) e Miguel Malheiro (APRUPP)

Reiterando a ideia anteriormente expressa, as entidades organizadoras não subscrevem a opção de venda do imóvel assumida pela Município. Existe o entendimento que é possível encontrar soluções que permitam a reabilitação do imóvel, para a fruição pública, dotando-o de serviços públicos e/ou equipamentos culturais. Tal não é possível se o imóvel deixar a esfera pública, sendo vendido a entidades privadas com fins lucrativos.

A estas preocupações junta-se uma outra relacionada com os termos em que a Câmara Municipal se propõe vender o imóvel.

O Caderno de Encargos, que apenas foi conhecido a minutos do início do último debate (14 de setembro), poderá não acautelar a salvaguarda dos elementos significativos existentes, desde os equipamentos, passando pelos padrões de circulação ou a distribuição das actividades da antiga Fábrica Confiança.

Como é sabido, todas as grandes unidades industriais de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX de S. Victor foram demolidas, perdendo-se para sempre o património industrial de S. Victor e do concelho de Braga. Qualquer intervenção na Fábrica Confiança, como último exemplar dessa época, deve ser, por isso, reversível e respeitar o carácter histórico de uma das marcas mais conhecidas da indústria Portuguesa. O edifício transporta um simbolismo único e singular, factor de autenticidade e unicidade, algo que é valorizado nos ativos patrimoniais.

É, ainda, património da memória, como uma das Fábricas que garantiu o “saber fazer”, sendo o meio de subsistência de muitos agregados familiares, bem como objeto de muitas visitas escolares quando laborava.

A Braga +, a Jovem Coop, a Velha-a-Branca, com o apoio da Junta de Freguesia de S. Victor, promovem na próxima 5ª feira, dia 27 de Setembro, o debate “Qual o Futuro Para a Fábrica Confiança (2ª parte) - A venda a privados acautela o património industrial?”, que decorrerá às 21h30 no auditório da Junta de Freguesia.

O debate realiza-se dia 27, às 21h30, no auditório da Junta de S. Victor, convidando-se todos os interessados no património da Freguesia a assistir. O reforço da posição dos cidadãos ajudará a inverter este cenário de alienação de um importante testemunho da memória de S. Victor e de Braga.

Convidados:

José Manuel Lopes Cordeiro é licenciado e doutorado em História Contemporânea pela Universidade do Minho, onde exerce funções docentes. Foi fundador do Projecto do Museu da Indústria do Porto. É o Representante Nacional do TICCIH - The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage, organismo consultor da UNESCO/ICOMOS para o património industria,, e Presidente da APPI – Associação Portuguesa para o Património Industrial.

É também director da revista Arqueologia Industrial. Tem inúmeros artigos e livros publicados nas áreas do património e arqueologia industrial, assim como da história económica e política contemporânea.

José António Lameiras é licenciado em Engenharia Civil com a especialidade de Urbanismo, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, em 1977 e pós-Graduação em Direito do Ordenamento, Urbanismo e Ambiente, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, no ano de 1996/97. É docente na Universidade Católica e especialista em Instrumentos de Gestão Territorial, possuindo uma vasta experiência na elaboração de PDMs.

Miguel Malheiro é licenciado em arquitetura pela Universidade Lusíada e doutorado em arquitetura pela Universidad de Valladolid, é docente da Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada do Porto desde 1994, exercendo ainda a profissão de arquiteto, tendo coordenado diversos projetos de reabilitação de património edificado, destacando-se o projeto de reabilitação da Igreja de São Mamede de Vila Verde. Desde 2018 integra a Direção da APRUPP [Associação Portuguesa para a reabilitação Urbana e Proteção do Património], associação que tem como fim promover e divulgar o conceito de reabilitação urbana como principal veículo para a salvaguarda da identidade e valorização do património construído, a redução das assimetrias sociais e a promoção da participação dos cidadãos. É autor de diversos artigos, comunicações e livros com especial enfoque nas temáticas da conservação, salvaguarda e valorização do património construído.

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