Oradores: João Braz e Betinha Fernandes
Moderador: Rui Ferreira
No “ciclo de memórias” cada conversa é informal e cujo objetivo é a troca de conhecimentos entre o público e os convidados, partilhando-se as memórias que se querem vivas sobre as vivências da nossa cidade.
Sobre o Carro dos Pastores:
O Carro dos Pastores é uma tradição com origem provável no
século XVIII, sendo uma típica representação teatral, posterior à fundação do
teatro moderno. A sua préexistência, é citada na “Relação do Festivo Aplauso”,
documento que descreve a constituição de uma grandiosa procissão em honra de
São João Baptista no ano de 1754. Os diversos atos que compõem esta peça
teatral, representada num carro forrado a cortiça e totalmente decorado com ervas
e flores, referem-se ao nascimento de São João Baptista, o momento recordado
pela liturgia deste dia. Neste palco sobre rodas, são representadas cenas
bíblicas como o aparecimento do anjo a Zacarias que, conjuntamente com sua
esposa Isabel, há muito desejava um filho, facto que se tornava cada vez mais
utópico devido à idade avançada dos dois. O anjo anunciou e Zacarias não
acreditou, ficando surdo e mudo até ao final do ato. O anjo volta a aparecer
para anunciar o nascimento de São João que, sorridente, aparece “destapado” por
uma placa metálica causando um burburinho na multidão que assiste. Mas toda a
representação é marcada pelos cânticos e danças dos pastores, seis rapazes e
seis raparigas, vestidos com trajes tradicionais e vistosos que dão indescritível
brilho a esta representação. Os cajados decorados com fitas coloridas e as
pandeiretas completam o quadro pastoril. Os anjos que vão aparecendo sobre uma
nuvem, que vai subindo e descendo conforme a cena a representar, confere
igualmente um toque de grande originalidade e engenho a este auto. Outrora
puxado por duas juntas de bois, tradição recuperada parcialmente nos últimos
anos, o carro dos Pastores vai circulando pelas ruas da cidade, desde as 09h00
até 16h00, em conjunto com o Carro do Rei David e o Carro das Ervas, sendo sem
dúvida a mais bela e elegante alegoria ao São João, conservada como memória
viva da Sagrada Escritura.
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