domingo, 2 de dezembro de 2012

Proposta de classificação da igreja de Santa Cruz


A Braga + apresentou no passado sábado, dia 1 de dezembro, a sua proposta de classificação da igreja de Santa Cruz. Trata-se da primeira iniciativa deste género que a associação vai levar a cabo, no sentido de garantir protecção legal aos monumentos ainda desprotegidos da cidade de Braga. 
Este templo, que é um dos mais admirados (e fotografados) por quem nos visita, pertence à Irmandade de Santa Cruz e é, indubitavelmente, um dos mais imponentes do centro histórico bracarense. Apesar de se encontrar num excelente estado de conservação, surpreende que ainda não esteja classificado, por exemplo, como monumento de interesse público.
Recorde-se que, desde 2001, altura em que foi aprovada a Lei de Bases do Património, qualquer cidadão pode levar a cabo uma proposta de classificação, desde que devidamente preenchido o formulário disponibilizado pela recém criada Direcção Geral do Património Cultural.


 "A Cruz é um símbolo inevitável do cristianismo e, por isso, repetidamente usado como figura primordial de inspiração no campo artístico. A Igreja de Santa Cruz de Braga apresenta uma profunda intimidade com toda a simbologia da Paixão e morte de Jesus, estando a sua estrutura arquitectónica e decorativa ligada aos símbolos ressaltados nos relatos dos Evangelhos. Tanto a fachada como o interior obedecem a uma rígida uniformidade simbólica. Construída em diversas fases, entre o ano de 1617 e 1736, o templo apresenta uma interessante perspectiva da dimensão simbólica e iconográfica do barroco, aplicada à arquitectura religiosa. A tese que aponta o trabalho do italiano Carlos António Leone, com uma alteração paradigmática na arquitectura religiosa bracarense, poderá ser plausível ao observar as inovações decorativas introduzidas na fachada desta igreja. A conciliação de um maneirismo do período final, com um barroco precursor da obra de André Soares em Braga, é outro elemento a ressaltar. No interior impera o denominado período nacional, manifestado esplendorosamente na talha dourada dos retábulos. A Capela-Mor, bem como o destacado sanefão que recobre o arco-cruzeiro, saíram das mãos de Frei José Vilaça, e apresentam um traço nitidamente rococó. A par do Bom Jesus do Monte, a Igreja de Santa Cruz apresenta-se como uma obra de referência na dimensão iconográfica da Paixão de Cristo. A especulativa tese que aborda o denominado barroco bracarense como ontologicamente corroborado, encontra na Igreja de Santa Cruz uma base e fundamento."
(Do Formulário de instrução do processo de classificação)

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