domingo, 7 de dezembro de 2025

+ PATRIMÓNIO: Visita guiada ao Natal em Braga

 


As associações Braga + e JovemCoop organizam, no próximo sábado, dia 13 de Dezembro, a sua habitual iniciativa solidária natalícia, promovendo mais um percurso pelo património bracarense, desta feita percorrendo alguns espaços evocativos do Natal na cidade de Braga. A iniciativa tem início marcado para as 10h00, na Capela de São Miguel-o-Anjo.

O objetivo desta visita guiada é dar a conhecer lugares do património bracarense que evocam devoções ou expressões artísticas associadas ao nascimento de Jesus Cristo, algumas delas especialmente ocultas.

Nesse sentido, esta visita guiada irá permitir observar presépios da escola Machado de Castro, o presépio que se esconde na Basílica dos Congregados, contando ainda com passagens pela Igreja do Salvador e terminando na Igreja de Nossa Senhora-a-Branca.

Esta iniciativa tem um teor solidário, já que os participantes serão convidados a trazer uma garrafa de azeite, que será posteriormente doada à Comissão Social de S. Victor com o escopo de compor os cabazes de Natal que são entregues às famílias mais carenciadas. Trata-se de uma forma das associações se agregarem à Missão Põe Azeite  que tem sido levada a cabo pelo Grupo Coral de Guadalupe.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

+ CULTURA: Percurso evocativo da Braga Maldita

 


A associação Braga + vai organizar, no próximo dia 22 de novembro, mais um percurso pelo património bracarense, desta feita evocando alguns episódios ‘malditos’ da história da cidade.

Todas as comunidades acumulam nos seus anais episódios memoráveis, gravados para a posteridade devido ao impacto que provocariam na sua fisionomia. Muitos destes acontecimentos resultaram, certamente, de conquistas, engrandecimentos ou momentos de entusiasmo coletivo, no entanto alguns outros foram provocados por conjunturas mais desventurosas.

                Também a cidade de Braga experimentaria alguns momentos funestos, tragédias inesperadas, catástrofes imprevistas ou outros acontecimentos infaustos, malditos. Não foram muitos, é verdade, mas são paradigmáticos dos momentos de crise que a comunidade vivenciaria e superaria.

                A visita guiada ‘Braga Maldita’, que tem início marcado pelas 10h00 no Largo de São João da Ponte, vai recordar episódios como a grande tempestade de 1779, que destruiu pontes, casas e matou 23 pessoas; o violento incêndio que destruiu uma parte do Paço dos Arcebispos em 1866; a chacina no general Bernardim Freire de Andrade, que não quis defender a cidade perante a invasão dos exércitos napoleónicos; o malogrado morticínio de bracarenses ocorrido a 20 de dezembro de 1846, ocorrido no contexto da revolução do Minho; ou a tragédia da avioneta, celebrizada pela Basílica dos Congregados, ocorrida em 1944, entre outros momentos infaustos gravados nos anais bracarenses.  

Este percurso, que tem participação livre, terá a duração de 90 minutos e será orientado por Rui Ferreira. 

No final desta iniciativa terá lugar um almoço de confraternização, assinalando o 13.º aniversário da Braga Mais. Quem pretender inscrever-se pode fazê-lo através do email associacaobragamais@gmail.com até ao dia 20 de novembro.

 

terça-feira, 4 de novembro de 2025

+ CIDADANIA: O que falta à Santa Marta das Cortiças?

 

Muitos bracarenses já subiram certamente à montanha de Santa Marta das Cortiças, o terceiro ponto mais alto do território bracarense, com 562 metros de altura, onde certamente beneficiaram de uma panorâmica dominante sobre o território circundante.

Apesar de estar inevitavelmente associada à singela Capela de Santa Marta, que ali se implanta há, pelo menos, um milénio, além de uma estátua a Nossa Senhora da Assunção ali colocada na década de 1950, esta montanha foi um dos mais importantes lugares de implantação da comunidade humana, desde, pelo menos a Idade do Bronze Final, ou seja, algures entre o século XI e VII antes de Cristo.

O castro ali implantado haveria de ser romanizado a partir do século II antes de Cristo, servindo, seis séculos depois, plausivelmente, para acolher, os monarcas suevos, que aqui instalariam a sua morada preferencial.

Albano Belino, o célebre arqueólogo bracarense, aqui efetuaria prospeções no final do século XIX, alertando para a relevância patrimonial do lugar. A partir de 1953, suceder-se-iam escavações realizadas pelo Cónego Arlindo Ribeiro da Cunha e Russel Cortez, tendo sido, no entanto, as escavações sistemáticas realizadas, entre 1966 e 1973, por Rigaud de Sousa aquelas que melhor aclarariam os vestígios ali implantados. Em 1985-86 seria a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, a realizar novas escavações dirigidas por Manuela Martins.

Além dos vestígios de um povoado castrejo de significativas dimensões, os arqueólogos descobriram os alicerces de uma basílica paleocristã, bem como um vasto conjunto palatino considerado por alguns investigadores portugueses e espanhóis como a possível residência dos reis suevos. Para além da muralha que circundava o palácio e a basílica também se conservam vestígios do sistema defensivo do castro da Proto-História que aí existiu muito antes. Aliás uma sondagem efetuada mais recentemente pela Universidade do Minho, demonstrou que a ocupação do monte recua pelo menos à Idade do Bronze Final.

Além de todos estes vestígios de enorme relevância patrimonial, há também diversas referências documentais, entre os séculos X e XI, à existência de um castelo roqueiro, que certamente terá aproveitado os vestígios das estruturas edificadas ali existentes. Da mesma época datam as notícias mais antigas referentes à ermida devotada a Santa Marta. Um documento do Mosteiro de Guimarães datado de 924 e, particularmente, a primeira versão do senhorio eclesiástico de Braga em 1112, atestam que a devoção de Santa Marta já estava implantada na montanha das Cortiças, muito tempo antes do arcebispo D. Diogo de Sousa reedificar a capela em 1520.

Classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1955, precisamente no decorrer do período mais intenso de escavações, a Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças aguarda, até hoje, o desenvolvimento de um projeto de valorização.

Desde o projeto desenvolvido pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho há quase duas décadas, passando pelos propósitos eleitorais de listas sucessivamente sufragadas na Câmara Municipal de Braga, até à mais recente notícia que dava nota de uma candidatura a fundos comunitários que permitissem financiar a obra, a verdade é que nada foi feito, mesmo com uma parceria assumida entre a entidades envolvidas, nomeadamente a Paróquia de Esporões, proprietária da maior parte do terreno onde se implantam os vestígios arqueológicos. 

Segundo a Convenção de Malta, o património arqueológico constituiu-se como “fonte da memória colectiva europeia e instrumento de estudo histórico e científico”, que o categoriza inevitavelmente como um espólio que permite teorizar acerca do passado.

O crescente interesse verificado por este tipo de património cultural, deverá constituir-se como um valor acrescentado do ponto de vista económico, dado que é potenciador de desenvolvimento turístico. Esta fator poderá permitir no futuro que o facto de um privado ou uma autarquia descobrirem um achado desta índole, não seja sinónimo de atraso ou atrofia, mas possa contribuir para valorizar os próprios projetos, dado que é possível compatibilizar o património arqueológico com o edificado.

A criação da Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças pode constituir-se como elemento determinante para a afirmação de Braga numa outra dimensão fundamental do Património Cultural, como mais relevante centro evocativo da presença suévica na Península Ibérica.

 

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

MEMÓRIAS DE BRAGA: Senhor Arcipreste

 


O cónego João Manuel de Barros, mais conhecido como o “Senhor Arcipreste”, que foi pároco de São José de São Lázaro entre 1943 e 1980, vai ser evocado numa sessão pública agendada para o dia 12 de setembro, pelas 21h15, na Igreja de São Lázaro.

Numa iniciativa conjunta da Paróquia de São Lázaro, juntamente com a associação Braga Mais, em parceria com a União de Freguesias de São Lázaro e São João do Souto, será recordado o pároco mais marcante da história desta paróquia bracarense, ainda hoje despertando muitas memórias e saudades daqueles que com ele conviveram.

Natural da freguesia de Barreiros, em Amares, onde nasceu a 2 de setembro de 1902, haveria de frequentar os seminários de Braga, tendo sido ordenado a 27 de abril de 1927 pelo arcebispo D. Manuel Vieira de Matos. Após alguns anos como pároco em Paredes de Coura, haveria de ser designado para a paróquia de São José de São Lázaro, onde permaneceria ao longo de 37 anos, marcando sucessivas gerações de paroquianos com a sua personalidade afável e próxima, destacando-se por uma singular atenção às pessoas com mais dificuldades.

Acumulando mais tarde a missão de Arcipreste de Braga, o cónego João Manuel de Barros haveria de destacar-se particularmente no processo de construção da nova Igreja Paroquial. Após a Câmara Municipal ter deliberado a sua demolição, por se encontrar desalinhada com o traçado da avenida da Liberdade, seriam avaliadas algumas soluções, reconstrução total ou parcial ou edificação de um novo templo, que seria a solução escolhida. Todo o processo de edificação do novo templo e complexo paroquial, com todos os procedimentos que implicou, nomeadamente projetos, peditórios e dificuldades inesperadas, seria por si conduzido, tendo tido a felicidade de concelebrar, ao lado do arcebispo D. Eurico Dias Nogueira, a sua bênção a 25 de dezembro de 1978.

O mais amado pároco de São Lázaro haveria de falecer a 27 de maio de 1980, após alguns meses de ausência por doença, tendo sido sepultado no cemitério de Barreiros, sua terra natal.

Como vem sendo habitual, acompanhando esta sessão estará exposta uma pequena mostra de documentos e fotografias. Esta exposição estará patente no átrio principal da Igreja de São Lázaro entre 5 e 30 de setembro. A organização solicita a quem possua fotos, documentos ou objetos que evoquem o Senhor Arcipreste, que os ceda temporariamente para enriquecer esta mostra.

Recorde-se que o ciclo Memórias de Braga realiza-se, com constância trimestral. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

+ PATRIMÓNIO: Visita Guiada pelas encostas do monte Picoto

 


A associação Braga +, em parceria com a União de Freguesias de São Lázaro e São João do Souto, organiza, no próximo sábado, dia 19 de julho, mais um percurso pelo património bracarense, desta feita percorrendo as Encostas do monte Picoto, particularmente a Quinta da Capela, Bairro Económico e o Aldeamento Bracara Augusta. 

Plantada numa das encostas do monte Picoto, a Quinta da Capela foi um dos locais de expansão da cidade de Braga na década de 1970. Centrada na Capela seiscentista de Santo Adrião, que marginava a velha estrada para Guimarães, faria nascer uma paróquia em 1983, apresentando dois originais projetos urbanísticos no seu entorno.

O Aldeamento Bracara Augusta foi um inovador projeto urbanístico, promovido em 1978 pela Cooperativa homónima, que se propôs construir um bairro de moradias unifamiliares, com preços acessíveis à classe média, compensando os respetivos direitos de construção perdidos, com a edificação de um edifício de maiores dimensões numa das suas extremidades.

Nascido na sequência do Programa de Casas Económicas lançado em 1933, o Bairro Económico é constituído por 132 habitações independentes, das quais 120 detêm apenas um piso, enquanto as outras duas dezenas possuem dois pisos, sendo delimitado pela rua Francisco Machado Owen e pela rua Simões de Almeida. Projetado pelo arquiteto Joaquim Madureira, seria inaugurado oficialmente a 1 de maio de 1939, tendo sido batizado como Bairro Duarte Pacheco.

Contemplando passagens pela Fonte seiscentista de Santo Adrião e pelo monumento a Santa Maria de Braga, a visita terminará no alto do monte Picoto, onde, além da panorâmica sobre a cidade, será abordado o projeto do Bairro Nogueira da Silva e a cruz monumental, uma iniciativa da Paróquia de São Lázaro, datada de 1940.

Este percurso, que tem início marcado para as 10h00 na Capela de Santo Adrião, terá a duração de 90 minutos e será orientado por Rui Ferreira e Isabel Caldeira.  

A participação é livre, não exigindo inscrição prévia. 

domingo, 22 de junho de 2025

MEMÓRIAS DE BRAGA: Comendador António Augusto Nogueira da Silva

 


Braga Mais, em parceria com a União de Freguesias de São Lázaro e São João do Soutopromove na próxima sexta-feira, dia 27 de junho, pelas 21h15, na Basílica dos Congregados, mais uma sessão do ciclo Memórias de Braga, que se vai debruçar sobre o Comendador António Augusto Nogueira da Silva, o grande benemérito de Braga, e insigne juiz presidente da Irmandade de Nossa Senhora das Dores.

Esta tertúlia, inserida no ciclo Memórias de Braga, terá como convidados o Arcebispo Emérito, D. Jorge Ortiga, que foi Reitor da Basílica dos Congregados entre 1974 e 1988; Fernando Mendes, ex-funcionário da Casa da Sorte; e Alexandra Lopes, sobrinha-neta de Nogueira da Silva.

Esta sessão, que conta com a colaboração da Basílica dos Congregados, decorrerá no auditório da basílica, cujo acesso é efetuado através da porta contígua ao templo.

Nascido na cidade do Porto em 29 de janeiro de 1901, mais propriamente na freguesia de Paranhos, Nogueira da Silva migraria para a cidade de Braga com poucos meses de vida, onde se fixaria juntamente com os seus pais. 

Dedicando-se à filantropia, devotou-se a diversas instituições da cidade, como a Associação Comercial de Braga, Comissão de Festas de São João, as Conferências de São Vicente de Paulo, a Confraria do Sameiro, o Colégio dos Órfãos de São Caetano, o Lar Conde de Agrolongo, a Misericórdia de Braga, a Irmandade de Santa Cruz e as Oficinas de São José, tendo até integrado os órgãos sociais de algumas delas, nomeadamente da Irmandade de Nossa Senhora das Dores dos Congregados, da qual foi Juiz-Presidente durante 19 anos.

Esteve igualmente associado à fundação da Universidade Católica Portuguesa, tendo ainda contribuído para a construção do aeródromo de Palmeira. A si está também associado o Sporting Clube de Braga, que em diversas ocasiões salvou de anunciadas insolvências. 

Entre muitos outros gestos de benemerência devotado à comunidade bracarense, uma das suas iniciativas de maior significado foi o Bairro que seria batizado com o seu nome, construído na encosta do Monte Picoto, e destinado a famílias de fracos recursos económicos.

Como vem sendo habitual, durante a sessão estará exposta uma pequena mostra de documentos e fotografias recolhidos por Fernando Mendes, que complementam a informação que será abordada nesta sessão.

Recorde-se que o ciclo Memórias de Braga realiza-se, com constância trimestral. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.

sábado, 21 de junho de 2025

+ CIDADANIA: O São João é mesmo de Braga?

 

Há precisamente treze anos, num espaço de opinião como este, escrevia um artigo intitulado “Repensar as Festas de São João em Braga”, no qual discorri um conjunto alargado de sugestões que visavam resgatar as festividades sanjoaninas de um declínio que se estava a acentuar nos anos antecedentes.

Por feliz decisão do novo executivo municipal, em 2013, logo depois de terminar a minha dissertação de mestrado sobre as sanjoaninas bracarenses, assumiria a presidência da Associação de Festas de São João de Braga, tendo a singular possibilidade de colocar em prática as intenções que o conhecimento aprofundado da sua história e práticas, mas também o afeto e as memórias construídas desde a infância, me permitiram elaborar.

Procedemos, então, a uma profunda reformulação da organização e da programação, construindo uma equipa de preparação representativa dos bracarenses e criando uma equipa de voluntários, que funcionaria também como centro de recrutamento para o futuro da organização.

A transparência passou a integrar a forma de estar da organização, abrindo-se a programação às sugestões dos cidadãos e das suas instituições e associações, sendo tornadas públicas as contas após cada exercício anual.

Apostou-se na comunicação e nos meios digitais, procurando regressar à matriz iconográfica construída ao longo de cinco décadas pelo Mestre José Veiga. Os foguetes e os balões regressaram à festa. A ligação entre os dois núcleos da festa – centro histórico e Parque da Ponte – foi fomentada com a regulação da feira popular ali instalada, dividindo-se as iniciativas entre ambos os núcleos e fazendo partir a Parada Folclórica, instituída em 2014, a partir de São João da Ponte.

O papel das bandas filarmónicas foi fomentado, reforçando-se a tradição do despique de bandas nos dois núcleos da festa, e sendo criado, juntamente com a Câmara Municipal, um Concurso de Bandas, que reforçaria o seu papel nas festividades.

A programação seria totalmente reformulada, reforçando-se o Cortejo Sanjoanino, com um novo Carro do rei David e um Carro das Ervas mais vinculado à identidade minhota. Criamos o Cortejo Histórico, remetendo para a evolução histórica dos festejos. Reintroduzimos a Batalha das Flores, integrada na procissão do São João, mas também o Concurso de Cascatas, que não se realizava há 16 anos, ou a Festa de Encerramento, que tinha deixado de se fazer. Iniciamos a realização da Gala Sanjoanina nas festas de 2015 e concedemos dimensão ao Festival de Cavaquinhos iniciado em 2013. Reforçamos o cartaz com a presença de grandes artistas e contruímos anualmente um programa alargado de exposições e publicações. Celebramos intensamente os 400 anos da Capela de São João da Ponte e procuramos construir parcerias com as demais Romarias do Minho.

Se é verdade que a generalidade das dinâmicas inauguradas nas Festas de 2014 continuam a vigorar e servem de base à atual organização, é um facto que o investimento municipal está muito distante da sua relevância efetiva para a comunidade. Fundamentalmente não se entende como é que um evento de catálogo (Noite Branca), que tantas localidades fazem no nosso país e que tem pouca relação com a identidade da cidade, merece um investimento municipal cinco vezes maior do que as Festas da Cidade!?

As Festas de São João não são apenas mais um evento da cidade, nem tão pouco se dirigem apenas um determinado nicho da população. As Festas de São João não são elitistas, mas destinam-se a todos os bracarenses. São, efetivamente e imponderavelmente, de Braga. Por isso mesmo, a sua organização e programação deveriam emanar essa essência, conciliando uma tradição que carrega os sons, os cheiros e os gestos mais autênticos da identidade bracarense, com as práticas e dinâmicas do presente.

E mesmo aqueles que vêm questionando os sons e práticas que a população brasileira tem acrescentado à festa, não se devem esquecer que os festejos juninos são uma grande celebração no Brasil - particularmente no Nordeste - e que têm tudo a ver connosco. Foram os portugueses, muitos deles minhotos, que ensinaram aos brasileiros a festejar o São João. Em meados do século XVIII, o cronista bracarense Inácio José Peixoto dizia que os festejos de São João em Braga eram o “Brasil da cidade”, em alusão a esse intercâmbio cultural já pronunciado desde há três séculos atrás.

As Festas de São João são o maior património coletivo bracarense. Por isso mesmo, pertencem a todos aqueles que nasceram em Braga e também a todos que escolheram a nossa cidade como sua. Todos os sons, todas as práticas, todos os cheiros são bem-vindos!

Respondendo à questão de partida, evidentemente que o São João é mesmo de Braga, no entanto, urge que essa verdade, apodítica para a maioria dos bracarenses, apareça vertida nas opções das principais instituições da nossa cidade.

Esperemos, sinceramente que o próximo Presidente da Câmara e o seu executivo municipal, olhem para o São João como as Festas da Cidade e mobilizem efetivamente os meios que esse estatuto justifica.

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais