O Castro de Monte Redondo é
possivelmente o mais importante povoado proto-histórico do território
bracarense. Localizado na freguesia de Guisande, no alto do também denominado
monte Cossourado ou de São Mamede, a uma altitude de 427 metros, detém uma
posição de domínio sobre os vales do Pelhe, em Famalicão e sobre a veiga de
Penso, em Braga.
Devemos a Albano Belino, o
precursor da arqueologia bracarense, além do alerta para a relevância
patrimonial do Castro de Monte Redondo, os primeiros e mais significativos
trabalhos de prospeção arqueológica daquele povoado castrejo desenvolvidos nos
anos de 1899 e 1900. As escavações revelaram a existência de três muralhas,
tendo a primeira mais de um quilómetro de perímetro e um
conjunto muito significativo de habitações de plantas circulares e quadradas.
Devido à relevância dos
vestígios ali encontrados, o Castro de Monte Redondo seria classificado como
Monumento Nacional a 23 de junho de 1910. Apesar disso, encontra-se até hoje
votado ao esquecimento e sem qualquer expectativa de valorização patrimonial.
Por isso mesmo, a associação
Braga Mais, juntamente com a União de Freguesias de Guisande e Oliveira São
Pedro, estão a organizar o ciclo de iniciativas “Vamos reavivar o Castro de
Monte Redondo”, que tem como objetivo alertar a comunidade para o imperativo de
promover a valorização e salvaguarda do mais importante povoado proto-histórico
bracarense.
A primeira iniciativa teve
lugar no passado dia 11 de outubro, com a realização de uma tertúlia sobre “A
pré-história de Braga e o Castro de Monte Redondo”, que contou com a
participação de muitos habitantes de Guisande e, especialmente, da proprietária
dos terrenos onde se implanta o Castro de Monte Redondo, tendo ficado evidente,
não apenas o interesse da população na revitalização daquele sítio arqueológico,
mas também a disponibilidade dos proprietários dos terrenos em encontrar uma
solução de valorização patrimonial daquele espaço.
Hoje, dia 9 de novembro, vai
decorrer uma caminhada ao Castro de Monte Redondo, que prevê a subida ao alto
da montanha e visita aos vestígios ali expostos, particularmente as três linhas
de muralhas, tendo a primeira mais de um quilómetro de perímetro e
um conjunto muito significativo de habitações de plantas circulares e
quadradas.
Considerando a valia deste
sítio arqueológico, reconhecido plenamente pelas entidades competentes com a
sua classificação como Monumento Nacional, torna-se incompreensível que, até
aos dias de hoje, nada tenha sido feito em prol da sua salvaguarda e
valorização. Mais inexplicável que esse facto, é o profundo silêncio que
continua a imperar sobre o Castro de Monte Redondo.
Continua a ser missão
primordial dos cidadãos e respetivas comunidades o apelo permanente para a
proteção e salvaguarda do seu património cultural. Sublinhe-se, nesse âmbito,
as ações de sensibilização promovidas há escassos anos pela JovemCoop e algumas
outras intervenções cívicas. No entanto, poucos bracarenses parecem
interessados na salvaguarda de um monumento que em outros municípios
apareceria, certamente, como baluarte da valorização do Património.
Localizado em propriedade
privada e com acesso reservado, o mais importante testemunho da cultura
castreja do concelho de Braga ainda se encontra ausente do quotidiano
bracarense. O sonho de Belino, concretizado parcialmente com a criação do Museu
D. Diogo de Sousa, continua a aguardar a sua execução. Os materiais
provenientes da prospeção arqueológica que promoveu encontram-se na Sociedade
Martins Sarmento, em Guimarães, enquanto o castro, Monumento Nacional, continua
votado ao esquecimento.
Detendo uma comunidade
consciente da sua valia patrimonial, disponibilidade dos proprietários para a
sua fruição e valorização e empenho da sua Junta de Freguesia, apenas falta o
efetivo interesse da Câmara Municipal de Braga e das entidades tutelares do
Património Cultural, para que o Castro de Monte Redondo possa finalmente ser
descoberto pelos bracarenses. Até quando irá Braga desperdiçar um sítio
arqueológico desta valia histórica e patrimonial?
Rui Ferreira
Presidente da Direção da Braga Mais