terça-feira, 21 de janeiro de 2020

MEMÓRIAS DE BRAGA: Livrarias bracarenses


Braga + promove no próximo dia 30 de janeiro, pelas 21h30, mais uma tertúlia inserida no ciclo Memórias de Braga, que vai ter como temática principal as Livrarias Bracarenses, aquelas que ainda hoje exercem a sua atividade, mas particularmente as que já desapareceram e deixaram uma memória significativa na comunidade bracarense.

Esta iniciativa, que se realiza no auditório da Junta de Freguesia de São Victor, terá como convidados Augusto Ferreira (Livraria Cruz e Livraria Minho), Fernando Santos (Livraria Cruz), Manuel Bonjardim (Livraria Pax e Livraria Bracara) e Fernando Mendes (Livraria Nova Cultura). A moderação estará a cargo de Rui Ferreira.

Como vem sendo habitual, durante a sessão estará exposta uma pequena mostra de documentos e fotografias recolhidos por Fernando Mendes, que complementam a informação que será abordada nesta sessão.

Ao longo do último século e meio, Braga foi muito pródiga em livrarias que, por motivos diversos, deixaram de existir. Memoramos as desaparecidas Livraria Cruz, Livraria Gualdino Correia, Livraria Pax, Livraria Casa do Globo, Livraria Victor, Livraria Augusto Costa, Livraria Central, Livraria Académica, Livraria Nova Cultura, Livraria Palha, Livraria Íris ou a Livraria Sameiro, deixando fora deste rol aquelas que continuam a cumprir, hoje, a sua missão. Muitas destas livrarias, além de fomentarem o gosto pela leitura e permitirem o acesso aos livros que se iam publicando, deram um contributo incalculável como editoras.

Recorde-se que o ciclo “Memórias de Braga” realiza-se, com constância bimestral. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidado, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

+ CIDADANIA: Memórias de Braga: Livrarias

Correio do Minho, 14 de Janeiro de 2020

A escrita constituiu-se uma revolução para a humanidade. Terá tido a sua origem no Próximo Oriente há cerca de cinco mil anos. Barro, madeira, marfim ou pedra foram os primeiros materiais utilizados para gravar símbolos. Surgiria, entretanto, pelos Egípcios, a escrita hieroglífica, constituída por imagens desenhadas. Mais tarde surgiria o papiro, utilizado como base para a escrita.
Mil anos depois, na China inventou-se a escrita pictográfica. Coube, porém, aos fenícios inventar o alfabeto na primeira metade do segundo milénio a.C., limitado a 22 sinais, consonânticos com uma grafia. Os gregos adotariam esse alfabeto, introduzindo-lhe melhorias.
A invenção da imprensa por Gutenberg levou a uma célere evolução da escrita, despontando na Renascença uma escrita mais fluída e amplificadora de sentidos. O primeiro editado foi a Bíblia, em latim, por ele publicado em 1455, com 642 páginas. A sua execução demorou cerca de cinco anos. Foi esta facilidade de imprimir conteúdos escritos que permitiu que o livro se tornasse um objeto acessível a um número crescente de pessoas e se generalizasse no quotidiano das sociedades.
Do século XVII, especificamente usada na imprensa, foi evoluindo para soluções muito personificadas até ao século XVIII. Uma via de uniformização veio a ser prosseguida com o desenvolvimento da imprensa jornalística moderna, com o perfil que hoje conhecemos e é bastante diferente dos seus primeiros tempos.
Em Portugal, o primeiro livro impresso, de que sobram registos, foi publicado no ano de 1495. Foi impresso por Samuel Gacon. Este impressor era de origem andaluza e terá fugido de Sevilha após o início da perseguição aos judeus promovida pelos Reis Católicos. Ou seja, um judeu que encontrou refúgio em Portugal e veio introduzir os seus conhecimentos no nosso país.
A partir do século XIX as técnicas de impressão registaram sucessivas evoluções, permitindo o incremento da publicação de livros, aumentando as tiragens e baixando consideravelmente os preços. O livro passou a ser de acesso, tendencialmente, universal, permitindo promover as ideias dos intelectuais e desenvolver a criatividade dos literatos. A abertura de livrarias generalizou-se. A Livraria Bertrand, no Chiado, em Lisboa, é a livraria comercial mais antiga de Portugal, tendo sido fundada em 1732 por Pedro Faure.
Em Braga, entre os séculos XVI a XVIII, terá existido uma espécie de livraria no espaço do Paço Arquiepiscopal. Esta serviria de suporte à atividade litúrgica e missionária dos sacerdotes da Arquidiocese. Sabemos que Gonçalo Basto foi nomeado livreiro do Arcebispo no ano de 1600. Recorde-se também o impressor Frutuoso Lourenço de Basto.
Ao longo do último século e meio, por exemplo, Braga foi muito pródiga em livrarias que, por motivos diversos, deixaram de existir. Memoramos as desaparecidas Livraria Cruz, Livraria Gualdino Correia, Livraria Pax, Livraria Casa do Globo, Livraria Victor, Livraria Augusto Costa. Livraria Central, Livraria Académica, Livraria Nova Cultura ou Livraria Sameiro, deixando fora deste rol aquelas que continuam a cumprir, hoje, a sua missão. Muitas destas livrarias, além de fomentarem o gosto pela leitura e permitirem o acesso aos livros que se iam publicando, deram um contributo incalculável como editoras.
 Nesse sentido, a Braga Mais organiza no próximo dia 30 de Janeiro, a partir das 21h30, no auditório da Junta de Freguesia de São Victor, mais uma sessão do ciclo “Memórias de Braga”, precisamente evocando as livrarias bracarenses, partindo da partilha de alguns dos seus protagonistas.

Fernando Mendes
Vice-Presidente da Braga Mais

+ CIDADANIA: O Património como missão

Correio do Minho, 17 de Dezembro de 2019

Quando a Braga Mais nasceu há pouco mais de sete anos, sentimos um imperativo partilhado com um grupo significativo de bracarenses para a salvaguarda e valorização do património cultural. Este sentimento continua hoje presente na nossa missão, pois temos consciência que são inúmeros os desafios que se colocam de forma premente ao património bracarense, seja ele edificado, móvel ou imaterial.
É curioso verificar que as comunidades despertam para a valorização do seu património sempre que sentem alguma ameaça à sua identidade. E não foi diferente na cidade de Braga. Como não recordar o que se passou com a defesa das Sete Fontes? Os cidadãos uniram-se em movimentos e conseguiram alterar o destino daquele complexo monumental. Mais recentemente tivemos o caso de sucesso do movimento “São Geraldo Cultural”, que obrigou o poder político a refletir sobre o destino de um antigo equipamento cultural.
Como sabemos, apesar da sociedade europeia ter manifestado uma peculiar sensibilidade para a preservação dos elementos vinculados às civilizações clássicas a partir do Renascimento, seria em França, mais propriamente na sequência da revolução de 1789, que a necessidade de preservar e salvaguardar o legado patrimonial se revelaria à sociedade (Choay, 2008). Aliás, a palavra “património” remete, desde logo, para a dimensão de posse e de valor intrínseco de uma determinada realidade, sendo, neste caso, aplicada não apenas a um titular, mas a toda a comunidade. O Património é, assim entendido, uma herança ou um legado que recebemos dos nossos antepassados e que temos o dever de preservar.
Tal como as destruições de cidades e monumentos provocadas pela II Guerra Mundial no centro da Europa fez avançar significativamente a sensibilidade patrimonial das sociedades ocidentais a partir de meados do século XX, também os exageros assoladores promovidos pelo jacobinismo francês acabaram por servir de fundamento ao aparecimento dos primeiros mecanismos legais de proteção do Património. Como não recordar a demolição, pedra a pedra, de um dos maiores templos da Cristandade, a Abadia de Cluny, sucedida entre 1791 e 1812 por intermédio dos partidários da revolução francesa? Os tempos de decisões extremas foram sempre os despoletadores de mudanças significativas das sociedades, neste caso no sentido de uma consciencialização mais declarada pelos elementos que se constituiriam como elos de uma identidade partilhada. A responsabilidade pela defesa do Património não é apenas missão dos poderes públicos, mas é tarefa de toda a comunidade. Todos somos chamados a dar um contributo efetivo para a salvaguarda das heranças que definem a nossa identidade.
Podemos promover a salvaguarda do Património de muitas maneiras. A Braga Mais escolheu a divulgação contínua dos nossos diversos patrimónios através dos percursos temáticos promovidos, procurando que cada vez mais bracarenses o conheçam e sejam os seus primeiros divulgadores e promotores da sua proteção.
E dando sequência a este que é o principal eixo da nossa missão, a Braga Mais, juntamente com a JovemCoop, organiza este sábado, a partir das 10h00, mais um percurso pelo património bracarense, desta vez assinalando os 250 anos da morte de André Soares. Iremos percorrer algumas das principais obras deste artista bracarense, deixando o especial desafio aos participantes de trazerem garrafas de azeite de forma a contribuírem para os cabazes de Natal da Comissão Social da Paróquia de São Victor. Contamos consigo?

Rui Ferreira
Presidente da Direção da Braga Mais

+ CIDADANIA: Memórias de Braga: Santos da Cunha

Correio do Minho, 19 de Novembro de 2019


A Braga Mais organiza desde há seis anos um ciclo de sessões intitulado “Memórias de Braga”. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados que recordam personalidades, ofícios ou momentos relevantes do quotidiano bracarense. Luís Costa, Victor de Sá, Malas Ferreira, Viriato Nunes, Chapelaria, Nogueira da Silva, entalhadores, entre muitos outros, foram recordados nestas sessões. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.
Uma das primeiras sessões deste ciclo, realizada a 11 de novembro de 2013, foi dedicada a António Maria Santos da Cunha, tendo tido como convidado o seu ex-secretário pessoal, Henrique Pereira.
António Maria Santos da Cunha, nasceu na freguesia da Sé a 10 de Novembro de 1911, filho de Sebastião Santos da Cunha e de Libânia de Jesus Fernandes Cunha, tendo casado com Rosa Mendes Santos da Cunha.
Bairrista exacerbado, Santos da Cunha é reconhecido pelo seu fervor apaixonado a todas as causas da cidade de Braga. Comerciante de profissão, cedo se envolveu em inúmeras instituições da cidade, nomeadamente no Grémio do Comércio, Sindicato dos Caixeiros e Comissão de Festas de São João. Foi presidente da Câmara Municipal de Braga entre 1949 e 1961, período no qual foi lançado o plano de urbanização do sul da cidade e a Rodovia. Homem reconhecidamente ligado ao Estado Novo desempenhou ainda os cargos de deputado à Assembleia Nacional, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e Governador Civil de Braga.
Durante o ser percurso, foram incontáveis todas as suas participações em instituições e associações culturais, de entre outras: Real Academia Galega, Academia das Ciências Sociais e Políticas de São Paulo, Sociedade Martins Sarmento, Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Associação Jurídica de Braga ou a Sociedade Histórica da Independência de Portugal.
Deu o seu grande contributo como provedor da Misericórdia na ampliação do Hospital de São Marcos e na construção do Centro de Recuperação e Ortopedia. No desporto é de salientar o seu forte empenhamento na construção do Estádio 28 de Maio e no apoio entusiástico ao Sporting Clube de Braga.
António Maria Santos da Cunha era conhecido como um homem de fibra, de coração e muita inteligência. Um dia recebeu em audiência dois irmãos que o “combatiam fortemente”. Tendo sido chamado à atenção de quem eles eram, respondeu: “Eu sei que dizem mal de mim, que são meus inimigos, mas … são dois bracarenses, e isso é que conta”.
Faleceu a 26 de Março de 1972, em plena Semana Santa, tendo despertado inúmeras manifestações de pesar. O seu préstito fúnebre foi acompanhado desde a Igreja do Hospital por várias dezenas de milhares de pessoas. Durante o cortejo fúnebre, quatro aviões do Aero-Clube de Braga sobrevoaram-no, lançando flores sobre a urna.
Os seus sobrinhos D. Maria Manuela Santos da Cunha Quintas e José Joaquim da Cunha Nicolau, ofereceram parte do seu espólio à Santa Cada da Misericórdia de Braga, perpetuando a sua memória e legado.

Fernando Mendes
Vice-Presidente da Braga Mais

+ CIDADANIA: A geração que ama Braga

Correio do Minho, 22 de Outubro de 2019


Assim titulava o Correio do Minho, na sua edição de 22 de outubro de 2012, a apresentação pública da associação Braga Mais, nascida sob os auspícios de um grupo de bracarenses apaixonados pela sua cidade. Hoje, ao iniciarmos esta parceria, que agradeço na pessoa do Diretor do Correio do Minho, não poderia deixar de remeter para esse momento de enorme significado, que decorreu simbolicamente no alto da Torre de Menagem, no qual traçamos as linhas orientadoras da nossa missão.
Foi, precisamente, no baluarte essencial na defesa de tão augusta urbe, que nos propusemos iniciar um projeto de cidadania e intervenção, que fundamentalmente ia de encontro a um interesse pelo património e pela cultura manifestado crescentemente pelos bracarenses.
A salvaguarda da memória através da valorização e divulgação dos diversos patrimónios acumulados foi sempre o nosso objetivo primordial. Percebemos a memória coletiva como fator primordial de coesão social, além de responsável pela criação de uma comunidade afetiva (Pollak, 1989). O reforço da coesão social de que o património pode ser agente permite-nos um vínculo mais efetivo ao grupo no qual nos inserimos.
Uma comunidade sem alma, sem memória e sem história não sobrevive ao futuro e está condenada a circular como diletante pelos caminhos do mundo, sem transportar horizonte e desprovida de qualquer anseio. Não queremos isso para Braga! Estamos certos que a nossa palavra e intervenção são agentes efetivos de sensibilização e mudança. Somos intérpretes inegáveis de uma geração cada vez mais consciente da valia do seu passado, que aspira a mais, e que sabe que pode alcançar esse mais com o seu esforço e empenho.
Da mesma forma, a nossa missão confirma a cidadania ativa a que todos somos chamados nas sociedades hodiernas. Sublinhamos, neste âmbito, a visão de Michel Foucault sobre o nível molecular de poder que nos assiste. A cidadania não é mais do que a consciência de que cada um de nós possui um certo nível de poder na cadeia social em que se insere. Apesar de muitas vezes estarmos distantes do centro de decisão, ou termos a consciência de que somos apenas comandados, existe sempre a possibilidade de exercer uma certa influência sobre a sociedade, particularmente quando vivemos inseridos num regime democrático. Por mais deficiências que o exercício democrático revele, ou mesmo que se viva num regime autoritário, cada cidadão tem sempre a possibilidade de se manifestar, de diversas formas, e dessa forma influenciar as decisões. Provamos, ao longo destes anos, que é possível fazer valer a nossa voz no seio da comunidade em que nos inserimos.
Cada tempo tem as suas preocupações e desafios, exprimindo-os de formas diversas relativamente ao passado. Por isso mesmo, deveremos estar sempre disponíveis para atualizar e rever as formas como desempenhamos a nossa missão. Ao cumprirmos sete anos de existência, queremos continuar a dar passos firmes na construção de uma comunidade mais consciente do seu valor.
Na Braga Mais não mudamos de ideias ou convicções. A nossa missão é Braga e a sua identidade e assim continuará a ser.


Rui Ferreira
Presidente da Direção da Braga Mais

Comemorações do 7.º aniversário da Braga Mais :: registos

Diário do Minho, 23 de Outubro de 2019
O Presidente da Assembleia Geral e o Presidente da Direção da Braga Mais na abertura da exposição do 7.º aniversário



Diário do Minho, 26 de Outubro de 2019
Correio do Minho, 26 de Outubro de 2019