terça-feira, 14 de dezembro de 2021

+ PATRIMÓNIO: Relembrando André Soares



As associações Braga + e JovemCoop organizam, no próximo sábado, dia 18 de Dezembro, mais um percurso pelo património bracarense, desta feita para assinalar os 301 anos do nascimento do arquiteto André Soares, que se cumpriram no passado dia 30 de novembro. 


A iniciativa tem início marcado para as 10h00, na Praça Municipal, onde será possível vislumbrar as mais importantes obras desenhadas por aquele artista bracarense.

O objetivo desta visita guiada é dar a conhecer algumas das obras concebidas por André Soares na cidade de Braga. 

Nesse sentido, esta visita guiada integra um percurso por algumas das suas obras no centro histórico bracarense. nomeadamente a Basílica dos Congregados, a Casa Rolão, Palácio do Raio, Capela de São Bentinho e Oratório da Senhora da Torre. A visita culminará na Capela de Guadalupe, onde poder-se-á contemplar a última obra conhecida de André Soares.

Esta iniciativa tem um teor solidário, já que os participantes são convidados a trazer garrafas de azeite, que serão posteriormente doadas à Comissão Social de S. Victor com o escopo de compor os cabazes de Natal que são entregues às famílias mais carenciadas. Trata-se de uma forma das associações se agregarem à Missão Põe Azeite 2021 que tem sido levada a cabo pelo Grupo Coral de Guadalupe.

A utilização de máscara é obrigatória e os participantes devem trazer consigo o respetivo certificado de vacinação.

Quem não puder participar, poderá também contribuir com uma garrafa de azeite, entregando na Junta de Freguesia de São Victor ou entrando em contacto com a JovemCoop, que se disponibiliza para fazer a recolha. Também poderá contribuir através de MBWay (91934796), considerando o valor de 1 garrafa de azeite igual a 3 euros.

domingo, 5 de dezembro de 2021

+ CIDADANIA: Manifesto pelos Fontanários de Braga

 

Se há cidade em que a água se mostra presente, é na cidade de Braga, cuja história e património refletem uma íntima relação. É verdade que não temos um grande rio nem estamos junto ao mar. No entanto, temos um pequeno rio, o Este, que nasce no território bracarense, mais propriamente na Serra do Carvalho em S. Mamede d’Este, e um incomensurável rol de fios de água e nascentes.

Ao longo dos séculos, os postos de abastecimento de água eram os lugares de encontro e convívio. Dada a sua importância para a cidade, os Arcebispos foram mandando levantar grandes monumentos da água, as fontes e chafarizes que ainda hoje adornam as nossas principais praças. Em outras cidades vemos estátuas ou elevados obeliscos. Em Braga admiramos fontanários artisticamente elaborados e que se destacam nos conjuntos urbanos em que estão implantados. Alguns pertenceram a conventos, outros sempre tiveram a missão de dar de beber aos bracarenses. Grande parte desta água provinha das Sete Fontes, o lugar que durante séculos deu de beber aos bracarenses. No início do século XVIII se dizia que Braga tinha cerca de 70 fontes, facto que fazia inveja a qualquer cidade no centro ou no sul de Portugal.

                Esse significativo conjunto de fontes e fontanários, que brotam displicentemente no espaço urbano de Braga, são elementos fundamentais no âmbito do património cultural e monumental da cidade, exigindo, por isso mesmo, da parte das entidades tutelares o zelo pela sua integridade e preservação. Infelizmente na cidade de Braga temos alguns exemplos de desalinho, que aqui queremos sublinhar.

O mais paradigmático caso de desmazelo é a Fonte de Santa Bárbara. Fonte seiscentista que esteve outrora colocada ao centro de um dos claustros do antigo Convento dos Remédios, demolido em 1911, chegou a estar no Parque da Ponte e, desde 1949, adorna e batiza o jardim neobarroco que a Câmara Municipal mandou fazer na cerca do antigo Palácio Arquiepiscopal.

A estátua original de Santa Bárbara, que encimava a fonte, encontra-se atualmente no Convento do Pópulo. Após um ato de vandalismo que, em 2008, partiu a escultura em 78 fragmentos, foi colocada uma réplica, em gesso a imitar gratino, a encimar a fonte. Progressivamente, a frágil réplica vai descascando a sua mascarilha, e o que se vislumbra atualmente é uma verdadeira lástima.

A Fonte do Pelicano, colocada desde 1967, ao centro da Praça Municipal é outro dos exemplos da negligência municipal. Atribuída a Marceliano de Araújo, é um exemplar artístico do barroco do período joanino, sendo constituída por cinco fontes, uma das quais - ao centro - eleva o brasão do arcebispo D. José de Bragança.


Tal como a Fonte de Santa Bárbara também passou uma temporada no Parque da Ponte, antes de migrar ao seu espaço primitivo, num dos jardins do antigo Paço dos Arcebispos. Desde há alguns anos que os seus elementos escultóricos, especialmente as aves e os seus “putti” (meninos), se encontram mutilados, faltando-lhes pés, braços e até cabeças! A utilização da praça para grandes eventos, nomeadamente as denominadas noites brancas, acabaram por acelerar a sua deterioração. Apesar da sua recente classificação de Interesse Municipal, mantém-se a aparente indiferença dos serviços competentes relativamente ao seu estado de conservação.

Outra das fontes que, há quase uma década, exige uma intervenção é a antiga Fonte de Infias, hoje colocada num pequeno jardim, localizado na extremidade nordeste do Campo das Hortas. Trata-se de um fontanário barroco com um proeminente brasão do arcebispo D. José de Bragança, cuja fundação recua ao ano de 1742. De elegante recorte, foi para aqui trazido em meados do século XX desde a sua primitiva implantação no Largo de Infias. Desde há alguns anos, encontra-se em acelerado risco de aluimento para a praceta vizinha, faltando-lhe já a cruz arcebispal que o encimava.

Porque a comunidade e, principalmente, os seus representantes eleitos, têm o dever de zelar pela salvaguarda e proteção do seu património, deixamos aqui, enquanto associação, o nosso manifesto pelos históricos fontanários da cidade de Braga.

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais