sábado, 30 de dezembro de 2023

+ CIDADANIA: Réquiem pelo Museu da Imagem

 


A palavra “réquiem” provém do vocábulo latino “requiem”, uma derivação de “requies”, que significa descanso ou repouso. Este termo designa habitualmente as celebrações cristãs realizadas em homenagem aos defuntos. O nosso propósito é, por conseguinte, prestar homenagem a um espaço cultural de enorme mérito, que subsistiu na nossa comunidade ao longo de mais de 20 anos.

O Museu da Imagem foi um espaço cultural, que nasceu no edifício da antiga farmácia Alvim e num antigo torreão da fortificação medieval contíguo, inaugurado a 25 de abril de 1999, destinado à realização de exposições de fotografia e à conservação e inventariação dos arquivos fotográficos das antigas casas de fotografia Aliança e Pelicano.

Este equipamento cultural, realizado por iniciativa dos executivos liderados por Francisco Mesquita Machado, inseria-se numa particular dinâmica que a cidade e os seus agentes culturais foram gerando em torno da fotografia, e que confirmariam Braga como um dos principais lugares da Imagem em Portugal.

Ao longo de quase década e meia, o técnico-superior do Museu da Imagem foi Rui Prata, desenhando uma programação meritória, que conciliava a fotografia contemporânea – destacando-se particularmente os Encontros da Imagem - com a inventariação progressiva do espólio fotográfico, através da realização de exposições e da publicação dos respetivos catálogos. Desde 2013 que o edifício revelava diversas fragilidades ao nível das coberturas e do isolamento, tendo até sido colocado em risco a conservação do seu espólio fotográfico, como seria oportunamente denunciado pela investigadora Catarina Miranda Basso.

Apesar do vereador responsável pelo Pelouro da Cultura, entre 2013 e 2021, continuamente inserir como prioridade do seu plano anual de atividades a empreitada de reabilitação do Museu da Imagem, também incessantemente esse desiderato era barrado no gabinete-mor da edilidade. Aquele espaço museológico permaneceria aberto até ao derradeiro trimestre de 2019, momento em que as infiltrações e as condições de segurança já não permitiam que continuasse em atividade. Desde essa data permanece encerrado, sem data prevista para reabrir.

Todos os anos, por ocasião da discussão das Grandes Opções do Plano, é notícia o presumível investimento da Câmara Municipal de Braga no Museu da Imagem, mas todos os anos também não é iniciado qualquer procedimento concursal nesse sentido, como, aliás, vai sucedendo com a musealização da Ínsula das Carvalheiras ou da Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças, entre outros.

Entretanto, logo após as restrições provocadas pela pandemia de covid 19, também a Torre de Menagem encerraria ao público, supostamente devido à necessidade de substituição de vigas madeira de alguns degraus interiores, desperdiçando-se a exposição permanente sobre a história da cidade de Braga, ali instalada desde 2017. Uma empreitada demasiado simples e módica para justificar três anos de encerramento.

Recentemente também a Casa dos Crivos, única galeria municipal, encerraria as suas portas, mais uma vez para serem realizadas obras de reabilitação. Terá o mesmo destino que o Museu da Imagem? Como é possível que os três espaços de exposição geridos pela Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Braga estejam encerrados em simultâneo? Quão grande é a apatia e alheamento da sociedade civil e dos partidos políticos quanto à realidade da nossa cidade?

Considerando os adiamentos contínuos da empreitada de reabilitação do Museu da Imagem, aliado ao facto de, no presente mandato, a pasta da Cultura ser da responsabilidade do principal agente pelo seu encerramento, podemos concluir que dificilmente a situação se alterará.

A deliberação que se vai entrevendo é, certamente, mais um motivo para justificar por que Braga não foi escolhida para ser a próxima sede portuguesa da Capital Europeia da Cultura. Uma cidade que ostensivamente encerra os seus espaços culturais, ou que desperdiça equipamentos adquiridos com essa finalidade, para nele ser edificada uma residência universitária, não merece tal distinção.

Perante os indícios que nos têm sido continuamente oferecidos pela Câmara Municipal de Braga, não nos resta outra alternativa senão agradecer todos os contributos que foram oferecidos pelo Museu da Imagem à dinâmica cultural da cidade de Braga, ao longo de duas décadas, e celebrarmos um Réquiem por mais um espaço cultural bracarense. R. I. P.

 

 Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais

+ CIDADANIA: Feira Popular de Braga

Correio do Minho, 02/12/2023
 

sábado, 9 de dezembro de 2023

+Património: Percurso Solidário Natalício

As associações Braga + e JovemCoop organizam, no próximo sábado, dia 16 de Dezembro, mais um percurso pelo património bracarense, desta feita procurando fazer a história do culto de Nossa Senhora da Conceição na cidade de Braga. O objetivo desta visita guiada é mergulhar no espírito natalício através de uma das narrativas mais discutidas da história da Igreja Católica.A iniciativa tem início marcado para as 10h00, no largo da Senhora-a-Branca.

A chegada dos franciscanos à cidade de Braga em 1523 haveria de precipitar uma progressiva implantação deste culto. Primeiro no convento dos Capuchos da Piedade em S. Jerónimo de Real, no século seguinte com a fundação de um convento de inspiração franciscana denominado “da Conceição” e, na mesma centúria, com a edificação da Igreja dos Terceiros. Ao mesmo tempo, em diversos espaços de culto ia sendo instaurada a devoção “nacional”. 

Na ancestral porta medieval de Santiago haveria de surgir o mais relevante núcleo devocional de Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem haveria de ser declarada padroeira da cidade em meados do século XVIII. 

A Capela do Paço do Arcebispo, edificada no início do século XVIII, também iria adotar como padroeira de Nossa Senhora da Conceição. No mesmo período é fundado o convento da Penha de França, devotado à mesma invocação.

A fundação do santuário do Sameiro a partir de 1863 haveria de confirmar esta especial predileção bracarense pela devoção a Nossa Senhora da Conceição.

A visita guiada irá permitir observar alguns destes espaços, contando com passagens pelo oratório da Senhora da Torre, Igreja da Conceição e Igreja da Penha de França. 

Esta iniciativa tem um teor solidário, já que os participantes serão convidados a trazer uma (ou mais) garrafa de azeite, que será posteriormente doada à Comissão Social de S. Victor com o escopo de compor os cabazes de Natal que são entregues às famílias mais carenciadas. Trata-se de uma forma das associações se agregarem à Missão Põe Azeite, que tem sido levada a cabo pelo Grupo Coral de Guadalupe.