domingo, 22 de junho de 2025

MEMÓRIAS DE BRAGA: Comendador António Augusto Nogueira da Silva

 


Braga Mais, em parceria com a União de Freguesias de São Lázaro e São João do Soutopromove na próxima sexta-feira, dia 27 de junho, pelas 21h15, na Basílica dos Congregados, mais uma sessão do ciclo Memórias de Braga, que se vai debruçar sobre o Comendador António Augusto Nogueira da Silva, o grande benemérito de Braga, e insigne juiz presidente da Irmandade de Nossa Senhora das Dores.

Esta tertúlia, inserida no ciclo Memórias de Braga, terá como convidados o Arcebispo Emérito, D. Jorge Ortiga, que foi Reitor da Basílica dos Congregados entre 1974 e 1988; Fernando Mendes, ex-funcionário da Casa da Sorte; e Alexandra Lopes, sobrinha-neta de Nogueira da Silva.

Esta sessão, que conta com a colaboração da Basílica dos Congregados, decorrerá no auditório da basílica, cujo acesso é efetuado através da porta contígua ao templo.

Nascido na cidade do Porto em 29 de janeiro de 1901, mais propriamente na freguesia de Paranhos, Nogueira da Silva migraria para a cidade de Braga com poucos meses de vida, onde se fixaria juntamente com os seus pais. 

Dedicando-se à filantropia, devotou-se a diversas instituições da cidade, como a Associação Comercial de Braga, Comissão de Festas de São João, as Conferências de São Vicente de Paulo, a Confraria do Sameiro, o Colégio dos Órfãos de São Caetano, o Lar Conde de Agrolongo, a Misericórdia de Braga, a Irmandade de Santa Cruz e as Oficinas de São José, tendo até integrado os órgãos sociais de algumas delas, nomeadamente da Irmandade de Nossa Senhora das Dores dos Congregados, da qual foi Juiz-Presidente durante 19 anos.

Esteve igualmente associado à fundação da Universidade Católica Portuguesa, tendo ainda contribuído para a construção do aeródromo de Palmeira. A si está também associado o Sporting Clube de Braga, que em diversas ocasiões salvou de anunciadas insolvências. 

Entre muitos outros gestos de benemerência devotado à comunidade bracarense, uma das suas iniciativas de maior significado foi o Bairro que seria batizado com o seu nome, construído na encosta do Monte Picoto, e destinado a famílias de fracos recursos económicos.

Como vem sendo habitual, durante a sessão estará exposta uma pequena mostra de documentos e fotografias recolhidos por Fernando Mendes, que complementam a informação que será abordada nesta sessão.

Recorde-se que o ciclo Memórias de Braga realiza-se, com constância trimestral. Cada conversa, que se quer informal, anda à volta de um ou mais convidados. O objetivo é mesmo o de conversar, público e convidados, no sentido de partilhar e construir memórias sobre a cidade.

sábado, 21 de junho de 2025

+ CIDADANIA: O São João é mesmo de Braga?

 

Há precisamente treze anos, num espaço de opinião como este, escrevia um artigo intitulado “Repensar as Festas de São João em Braga”, no qual discorri um conjunto alargado de sugestões que visavam resgatar as festividades sanjoaninas de um declínio que se estava a acentuar nos anos antecedentes.

Por feliz decisão do novo executivo municipal, em 2013, logo depois de terminar a minha dissertação de mestrado sobre as sanjoaninas bracarenses, assumiria a presidência da Associação de Festas de São João de Braga, tendo a singular possibilidade de colocar em prática as intenções que o conhecimento aprofundado da sua história e práticas, mas também o afeto e as memórias construídas desde a infância, me permitiram elaborar.

Procedemos, então, a uma profunda reformulação da organização e da programação, construindo uma equipa de preparação representativa dos bracarenses e criando uma equipa de voluntários, que funcionaria também como centro de recrutamento para o futuro da organização.

A transparência passou a integrar a forma de estar da organização, abrindo-se a programação às sugestões dos cidadãos e das suas instituições e associações, sendo tornadas públicas as contas após cada exercício anual.

Apostou-se na comunicação e nos meios digitais, procurando regressar à matriz iconográfica construída ao longo de cinco décadas pelo Mestre José Veiga. Os foguetes e os balões regressaram à festa. A ligação entre os dois núcleos da festa – centro histórico e Parque da Ponte – foi fomentada com a regulação da feira popular ali instalada, dividindo-se as iniciativas entre ambos os núcleos e fazendo partir a Parada Folclórica, instituída em 2014, a partir de São João da Ponte.

O papel das bandas filarmónicas foi fomentado, reforçando-se a tradição do despique de bandas nos dois núcleos da festa, e sendo criado, juntamente com a Câmara Municipal, um Concurso de Bandas, que reforçaria o seu papel nas festividades.

A programação seria totalmente reformulada, reforçando-se o Cortejo Sanjoanino, com um novo Carro do rei David e um Carro das Ervas mais vinculado à identidade minhota. Criamos o Cortejo Histórico, remetendo para a evolução histórica dos festejos. Reintroduzimos a Batalha das Flores, integrada na procissão do São João, mas também o Concurso de Cascatas, que não se realizava há 16 anos, ou a Festa de Encerramento, que tinha deixado de se fazer. Iniciamos a realização da Gala Sanjoanina nas festas de 2015 e concedemos dimensão ao Festival de Cavaquinhos iniciado em 2013. Reforçamos o cartaz com a presença de grandes artistas e contruímos anualmente um programa alargado de exposições e publicações. Celebramos intensamente os 400 anos da Capela de São João da Ponte e procuramos construir parcerias com as demais Romarias do Minho.

Se é verdade que a generalidade das dinâmicas inauguradas nas Festas de 2014 continuam a vigorar e servem de base à atual organização, é um facto que o investimento municipal está muito distante da sua relevância efetiva para a comunidade. Fundamentalmente não se entende como é que um evento de catálogo (Noite Branca), que tantas localidades fazem no nosso país e que tem pouca relação com a identidade da cidade, merece um investimento municipal cinco vezes maior do que as Festas da Cidade!?

As Festas de São João não são apenas mais um evento da cidade, nem tão pouco se dirigem apenas um determinado nicho da população. As Festas de São João não são elitistas, mas destinam-se a todos os bracarenses. São, efetivamente e imponderavelmente, de Braga. Por isso mesmo, a sua organização e programação deveriam emanar essa essência, conciliando uma tradição que carrega os sons, os cheiros e os gestos mais autênticos da identidade bracarense, com as práticas e dinâmicas do presente.

E mesmo aqueles que vêm questionando os sons e práticas que a população brasileira tem acrescentado à festa, não se devem esquecer que os festejos juninos são uma grande celebração no Brasil - particularmente no Nordeste - e que têm tudo a ver connosco. Foram os portugueses, muitos deles minhotos, que ensinaram aos brasileiros a festejar o São João. Em meados do século XVIII, o cronista bracarense Inácio José Peixoto dizia que os festejos de São João em Braga eram o “Brasil da cidade”, em alusão a esse intercâmbio cultural já pronunciado desde há três séculos atrás.

As Festas de São João são o maior património coletivo bracarense. Por isso mesmo, pertencem a todos aqueles que nasceram em Braga e também a todos que escolheram a nossa cidade como sua. Todos os sons, todas as práticas, todos os cheiros são bem-vindos!

Respondendo à questão de partida, evidentemente que o São João é mesmo de Braga, no entanto, urge que essa verdade, apodítica para a maioria dos bracarenses, apareça vertida nas opções das principais instituições da nossa cidade.

Esperemos, sinceramente que o próximo Presidente da Câmara e o seu executivo municipal, olhem para o São João como as Festas da Cidade e mobilizem efetivamente os meios que esse estatuto justifica.

 

Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais

quarta-feira, 11 de junho de 2025

+ PATRIMÓNIO: Um tecto sanjoanino na Igreja do Salvador"

 


No próximo dia 21 de junho, pelas 15h00, o Lar Conde de Agrolongo vai organizar a iniciativa “Um tecto sanjoanino na Igreja do Salvador”, que pretende celebrar São João Baptista, evocando uma das expressões artísticas mais significativas deste culto existentes na cidade de Braga.

Orientada por Rui Ferreira, doutor em Estudos Culturais e especialista nas temáticas sanjoaninas bracarenses, esta iniciativa vai explorar, não apenas a peculiar origem deste antigo convento beneditino, transferido de Vitorino das Donas, em Ponte de Lima, para a cidade de Braga no início do século XVII, mas particularmente o seu tecto em caixotões, no qual é especialmente evocado São João Baptista.

Este exemplar único da linguagem pré-barroca em Braga, distingue este templo dos demais que integram o vasto inventário da arquitectura religiosa bracarense. São no total quatro dezenas de compartimentos rectangulares, preenchidos por pinturas hagiográficas onde sobressaem os mistérios gozosos e dolorosos inseridos pela tradição cristã na vida da Virgem Maria e de Jesus Cristo, mas, particularmente, a curiosa presença de São João Baptista, que se impõem em 40% dos caixotões.

O tecto forrado a caixotões que sobrepuja o corpo central da igreja revela-se inequivocamente um dos mais interessantes conjuntos do género existentes no nosso país, ombreando com outros como o da antiga Sé de Bragança, do paço ducal de Vila Viçosa ou, mais próximo, da igreja de Santa Ana em Viana do Castelo.

Realizada em parceria com as associações Braga Mais e JovemCoop, esta sessão é aberta à comunidade bracarense, sendo um dos momentos previstos na programação sanjoanina do Lar Conde de Agrolongo.