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A fábrica Confiança poderá vir a ser um grande polo cultural de Braga |
A
Perfumaria e Saboaria Confiança foi fundada a 12 de Outubro de 1894, tendo sido
seus mentores Rosalvo da Silva Almeida e Manuel dos Santos Pereira, com a firma
“Silva Almeida & C.ª”. O capital inicial era de 10 contos de reis, tendo a fábrica
ocupado inicialmente o espaço de uma pequena oficina, no mesmo lugar onde se ergue
ainda hoje o edifício da rua Nova de Santa Cruz. A média de produção
inicial situava-se na ordem de mil caixas de sabão por mês.
Inicialmente a fábrica não contava ainda com
mão-de-obra especializada, o que dificultava a evolução da sua eficácia
produtiva. Entretanto, e na altura em que o capitalista Domingos José Afonso se
juntou ao projecto, em 1898, elevou-se o capital da empresa e foram adquiridas
novas máquinas para o fabrico do sabão. Devido a problemas económicos, a 18 de
Fevereiro de 1910 o capital evolui e é um período de grande crescimento da
fábrica, que coincide com os anos da 1.ª Grande Guerra, aproveitando o espaço
de exportação concedido pelas indústrias paralisadas dos países onde decorria o
conflito. É nesta altura que se constrói o novo edifício da fábrica, que
corresponde em parte ao que actualmente existe. Entretanto vai beneficiar
de prémios e reconhecimento nacional, que vão impulsionar a sua produção e
divulgar o seu nome no mercado.
Em 1920 o capital evoluiu para 1.200 contos,
podendo elevar-se até 2 mil contos se as necessidades o justificarem. A fábrica teria então
cerca de 80 funcionários, que ganhariam anualmente cerca de 200 contos,
oferecendo a empresa apoio médico aos funcionários e família, para além de
outras regalias, hoje básicas, mas outrora ainda não consignadas nos direitos
do trabalhador. Foi também por esta altura que a empresa adoptou pela primeira
vez a designação de “Perfumaria e Saboaria Confiança”. Em 1923
a empresa já produzia cerca de 8 mil caixas de sabão mensais, calculando-se que
servisse metade do consumo de sabonetes do total da população portuguesa. O
objectivo nesta data passava por aperfeiçoar os produtos, tentando responder ao
nível de qualidade existente nos produtos da indústria estrangeira.
A
Saboaria e Perfumaria Confiança é um caso de notório sucesso entre os
empreendimentos industriais da cidade de Braga ao longo da primeira metade do
século XX. É certo que, analisando, as indústrias que preencheram o tecido
empresarial bracarense ao longo das últimas três décadas, seremos obrigados a
relativizar a dimensão da Confiança, dado ser inferior em produção, número de
funcionários e volume de negócios. Todavia, percebendo o contexto histórico em
que surgiu, a demografia da própria cidade nessa época, e salientando o facto
de ser uma empresa detida por bracarenses, seremos obrigados a reconhecer o seu
papel fundamental no desenvolvimento de Braga e o seu impacto na vida de uma
das freguesias urbanas mais importantes do tecido urbano.
Os
mercados principais do sabão eram as regiões circundantes: o Minho,
Trás-os-Montes e o Douro. Já o mercado dos sabonetes seguia para todos os
lugares do país. África, outrora destino preferencial, acabava por se ver
afectada pela situação económica e pelo elevado valor das taxas que impedia a
empresa de concorrer com produtos mais baratos.
A década
de 50 e 60 foi talvez a época mais próspera da empresa, que dominava o comércio
de sabonetes em Portugal. Produziam-se então mensalmente cerca de 3 milhões de
dúzias de sabonetes, fornecendo não apenas o comércio a retalho, mas também
hotéis e outras empresas que requeriam fabrico próprio. Outros produtos, como
perfumes, pó de arroz, cremes, pastas dentífricas, stiques de barbear,
águas-de-colónia, loções e essências, foram preenchendo certos nichos de
mercado e garantindo a produtividade desta unidade fabril.
Nos anos
80 a Confiança começa a desenvolver novos cosméticos, adaptando fórmulas e
oferecendo outras novas, em especial nas formas líquidas de gel de banho e
champôs perfumados, como resposta aos novos estilos de vida que se começam a
impor e ao pedido incessante de novos produtos por parte dos seus clientes.
Com a
crescente liberalização do mercado no espaço europeu, acrescentado ao
desinvestimento tecnológico das novas administrações da empresa, a
produtividade foi reduzindo o seu volume, sendo a fábrica comprada pela Ach
Brito em 2009, abandonando as históricas instalações.
Actualmente
ainda são produzidos artigos com a marca Confiança, que são depois vendidos no
denominado mercado de charme, como produtos de alto nível. Estes artigos,
produzidos parcialmente numa pequena unidade fabril em Sobreposta (Braga),
recuperam o rico espólio tipográfico das embalagens da fábrica bracarense.
Em Braga há muitos patrões e quase nenhum empresário.
ResponderEliminarApetece perguntar, até porque nos custa imenso dinheiro, que impacto teve na cidade a EEG da UMinho?
Que responda a escravatura branca dos Sarotos, Telca, Companhia de Cartões do Cávado, Confiança, Pachancho, Orfama, Fehst e tantos outros descartáveis à sombra de Deus claro.
PS. Marcar o debate para a hora do Victória-Braga também não veio muito a calhar. Mas "prontos" antes debate com pouca gente que debate nenhum.
Que melhores ventos comecem a soprar em breve na terra que me viu nascer embora já me tenham agregado a freguesia e extinto o local de nascimento por portaria.
Cumprimentosa todos os que continuam a remar mesmo contra a enchurrada,
Bernardo Pereira
Coimbra