terça-feira, 6 de maio de 2025

+ CULTURA: De comboio até ao Porto

No próximo dia 24 de maio, a associação Braga Mais vai promover a iniciativa “De comboio até ao Porto”, que tem como objetivo assinalar o 150.º aniversário da chegada do comboio à cidade de Braga.

A partida da Estação de Braga está agendada para as 09h30, estando o regresso previsto para as 18h50. Na cidade do Porto está previsto um itinerário cultural, com visita ao MMIPO – Museu da Misericórdia do Porto, durante a manhã, e visita ao Paço Episcopal do Porto e Igreja de Santa Clara durante a tarde.

A participação nesta iniciativa detém um custo de 16€, com o objetivo de cobrir as despesas de transporte e os ingressos nos espaços museológicos. O almoço será livre. A inscrição deverá ser efetuada através do email associacaobragamais@gmail.com.

Contemplando uma viagem de ida e volta entre a Estação de Braga e a Estação de São Bento, esta jornada cultural pretende evocar a viagem inaugural do comboio até à cidade de Braga, que decorreu a 20 de maio de 1875, sendo presidida pelo Rei D. Luís I, acompanhado da família real, do Presidente do Conselho de Ministros, Fontes Pereira de Mello, e do Ministro das Obras Públicas, Cardoso Avelino, que seriam recebidos em ambiente de grande celebração pelos bracarenses. 


segunda-feira, 5 de maio de 2025

+ CIDADANIA: Nogueira da Silva na toponímia bracarense

 


A toponímia tem a sua origem etimológica na junção de dois vocábulos gregos, que significam “o nome do lugar”. A designação toponímica assume especial relevância na preservação da memória e identidade das comunidades, perpetuando personalidades, datas ou factos. 

A toponímia define-se como o “estudo histórico ou linguístico dos nomes próprios dos lugares”, podendo traduzir-se em ações valorização do património histórico, cultural e humano de uma determinada comunidade. 

Contribuindo para a “solidificação da identidade cultural das comunidades”, a toponímia deve obedecer a critérios rigorosos de gestão e supervisão, que competem aos responsáveis autárquicos. 

Uma análise à toponímia bracarense permite-nos vislumbrar, não apenas a evocação de personalidades que marcaram a história da nossa cidade, algumas datas (estranhamente poucas…) e diversas referências à história e origem dos lugares. No entanto, também nos deparamos com opções toponímicas que nos despertam questionamentos e que nos convocam inexoravelmente para a reabilitação da desativada Comissão Municipal de Toponímia. 

Quantos bracarenses saberão quem foi António Macedo ou o que fez para merecer ter o seu nome na avenida mais extensa da cidade? E qual a relevância para Braga do rei D. João II ou do literato Antero de Quental, dado que ambos designam duas das maiores artérias da cidade?

Pessoalmente não entendo como uma figura histórica com a relevância do Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles não foi escolhido como topónimo dessas novas ruas surgidas nas décadas mais recentes. É verdade que já se encontra na toponímia de duas ruas secundárias em freguesias periurbanas, mas não justificaria maior distinção? E a ausência de referências aos Suevos, que fizeram de Braga a capital do seu reino ibérico?

Uma das ausências mais incompreensíveis da toponímia bracarense é a do Comendador António Augusto Nogueira da Silva, um dos maiores beneméritos da história da cidade de Braga. 

Todas as cidades têm os seus beneméritos, homens e mulheres que a vida beneficiou com um elevado grau de abastança e que, por vontade própria, deliberaram destinar a projetos em prol da comunidade. Uns transformaram a sua boa-vontade em dinheiro, outros contribuíram com o seu esforço e influência.

A cidade de Braga exibe um interessante conjunto de beneméritos, entre os quais se salienta o nome de António Augusto Nogueira da Silva. Nascido na cidade do Porto em 29 de janeiro de 1901, mais propriamente na freguesia de Paranhos, migraria para a cidade de Braga com poucos meses de vida, onde se fixaria juntamente com os seus pais. 

Dedicando-se à filantropia, devotou-se a diversas instituições da cidade, como a Associação Comercial de Braga, Comissão de Festas de São João, as Conferências de São Vicente de Paulo, a Confraria do Sameiro, o Colégio dos Órfãos de São Caetano, o Lar Conde de Agrolongo, a Misericórdia de Braga, a Irmandade de Santa Cruz e as Oficinas de São José, tendo até integrado os órgãos sociais de algumas delas, nomeadamente da Irmandade de Nossa Senhora das Dores dos Congregados, da qual foi Juiz-Presidente durante 19 anos.

Esteve igualmente associado à fundação da Universidade Católica Portuguesa, tendo ainda contribuído para a construção do aeródromo de Palmeira. A si está também associado o Sporting Clube de Braga, que em diversas ocasiões salvou de anunciadas insolvências. 

Entre muitos outros gestos de benemerência devotado à comunidade bracarense, uma das suas iniciativas de maior significado foi o Bairro que seria batizado com o seu nome, construído na encosta do Monte Picoto, e destinado a famílias de fracos recursos económicos.

Apesar de se ter destacado como um dos mais significativos beneméritos da cidade de Braga, o Comendador António Augusto Nogueira da Silva não mereceu qualquer homenagem pública – um monumento evocativo – nem se encontra integrado na toponímia bracarense. Uma ausência que nenhum preconceito político pode justificar… 

É verdade que existe um museu com o seu nome, no entanto, seria uma escolha óbvia, dado tratar-se da sua residência, deixada em legado à Universidade do Minho. 

Ainda vamos a tempo de corrigir este grave erro. Ousemos fazer justiça a um dos mais extraordinários cidadãos bracarenses da nossa história. 


Rui Ferreira

Presidente da Direção da Braga Mais